Em sua
primeira fala oficial diante do corpo diplomático credenciado junto ao
Vaticano, o novo papa Leão XIV demonstrou que pretende manter firme o bastão
pastoral voltado às causas sociais e globais. Na manhã desta sexta-feira (16),
em discurso na imponente Sala Clementina do Palácio Apostólico, o pontífice fez
uma forte defesa da dignidade humana, pediu o combate às desigualdades globais
e criticou as condições indignas de trabalho.
“A Santa Sé não pode
se eximir de fazer sentir sua própria voz diante dos numerosos desequilíbrios e
injustiças”, declarou o papa, numa fala que reafirma o compromisso da Igreja
com os mais vulneráveis. Segundo ele, é urgente “remediar as desigualdades globais
que traçam sulcos profundos de opulência e indigência entre continentes, países
e até mesmo dentro das sociedades”.
Filho de pai ítalo-francês e
mãe espanhola, nascido nos Estados Unidos e naturalizado peruano, Leão XIV
destacou sua própria história migratória como símbolo de abertura. “Sou
um cidadão, descendente de imigrantes, que por sua vez emigrou”,
afirmou.
Sua trajetória de mais de
duas décadas no Peru, somada às experiências na América do Norte e Europa,
moldam um pontífice atento à pluralidade cultural, ao diálogo e aos desafios
contemporâneos. “Essa minha caminhada é expressão de um mundo que se
encontra em constante movimento e busca sentido”, disse.
O papa aproveitou o encontro
com representantes de 184 países para reafirmar valores tradicionais da Igreja,
mas também ampliar pontes de diálogo. Leão XIV falou da importância da família
como união estável entre homem e mulher, defendeu a proteção da vida humana, e
posicionou-se firmemente contra o aborto, mantendo a linha conservadora dos
papados anteriores.
Mas também trouxe novos
elementos à agenda vaticana:
Causa ecológica: citada como
um dos desafios do tempo presente.
Inteligência Artificial:
mencionada como área que exige vigilância ética.
Diplomacia multilateral:
defendida como instrumento para a paz e o desarmamento.
Liberdade religiosa:
reafirmada como um direito humano inalienável.
Ao explicar a escolha do
nome Leão XIV, o papa recordou seu desejo de se alinhar ao legado de Leão XIII,
o pontífice da encíclica Rerum Novarum (1891), que deu origem à doutrina social
da Igreja em tempos de revolução industrial.
“Hoje, enfrentamos outras formas de opressão: desigualdade estrutural, precarização do trabalho, migração forçada, conflito entre povos. A Igreja deve ser voz ativa nesse cenário”, afirmou Leão XIV, já se consolidando como uma liderança espiritual disposta a dialogar com o mundo real — sem abrir mão de suas convicções.
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