Segundo o artigo, a OAB
busca coibir excessos na divulgação profissional, impedindo manifestações que
possam ser interpretadas como autopromoção exagerada ou ostentação. No entanto,
Wilians argumenta que tais regras vão além da ética e acabam limitando a
liberdade de expressão dos advogados.
“O advogado que defende a
liberdade se vê tolhido por regras que limitam a sua própria”, afirma ele,
destacando a contradição da classe. Para o autor, a imposição de restrições
rígidas pode ser vista como uma forma velada de censura, contrariando os
próprios princípios da advocacia.
No artigo, Wilians também
traça um paralelo com a realidade norte-americana, onde advogados podem se
autopromover livremente sem que isso seja considerado antiético. Enquanto no
Brasil há um controle rigoroso da OAB sobre a publicidade profissional, nos EUA
a visibilidade de um advogado nas redes pode ser um fator decisivo para a
conquista de clientes.
Ele levanta um ponto
crucial: a advocacia brasileira está protegendo sua imagem ou prejudicando sua
evolução no mundo digital?
Outro ponto abordado no
texto é a inconsistência da OAB ao regular a comunicação da classe. “Quem
defende a liberdade de expressão vê problemas quando advogados expressam
sucesso”, critica Wilians. Para ele, a imposição de normas sobre redes sociais
reflete um modelo ultrapassado que não acompanha a dinâmica da atualidade.
O advogado finaliza seu
artigo com uma reflexão contundente: quando a incoerência se institucionaliza,
ela deixa de ser um erro e se torna um sistema. Essa observação levanta um
debate importante sobre o futuro da advocacia no Brasil e o real impacto das
normas que regem a profissão.
A seguir, confira a íntegra do artigo.
Poucas coisas são tão
fascinantes quanto a contradição humana. O médico que negligencia a própria
saúde; o coach financeiro endividado; o advogado que defende a liberdade, mas
se vê tolhido por regras que limitam a sua própria.
“Casa de ferreiro, espeto de
pau” nunca fez tanto sentido. E aqui estou eu, novamente, trazendo esse tema à mesa.
Quando o assunto é ostentação e o uso das redes sociais por advogados, sempre
há algo novo, ou absurdamente retrógrado, sendo debatido.
Na minha opinião, qualquer
tentativa de impor restrições ao uso das redes sociais privadas pela Ordem dos
Advogados do Brasil (OAB) não é apenas ultrapassada, é um flerte perigoso com a
censura. Para uma classe que preza pela liberdade, isso é, no mínimo,
paradoxal. Parece um roteiro de comédia jurídica, mas é apenas a realidade.
Quem empunha discursos
inflamados sobre transparência impõe sigilos. Quem brada sobre o livre mercado
regula até o tamanho da placa do escritório. Quem defende a liberdade de
expressão vê problemas quando advogados expressam sucesso.
E aqui surge a verdadeira
questão: quando a incoerência se institucionaliza, ela deixa de ser um lapso e
se torna um sistema. Um sistema que não apenas limita, mas molda a narrativa
conforme suas próprias conveniências.
Por Nelson Willians
📌 Para mais detalhes, leia a íntegra do
artigo publicado na Folha de S.Paulo.
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