quinta-feira, 3 de junho de 2021

Exército arquiva procedimento administrativo instaurado contra Pazuello

                        Contrariando seu próprio regimento que proíbe participação de militares em eventos políticos, o Exército brasileiro arquivou o procedimento administrativo que havia sido instaurado contra o ex-ministro da Saúde, general da ativa e atual secretário de Estudos Estratégicos da Presidência da República, Eduardo Pazuello, por ter participado de ato político ao lado do presidente Jair Bolsonaro, no dia 23 de maio, no Rio de Janeiro.

Em nota divulgada na tarde desta quinta-feira (3), o Exército diz que "o Comandante do Exército analisou e acolheu os argumentos apresentados por escrito e sustentados oralmente pelo referido oficial-general". "Desta forma, não restou caracterizada a prática de transgressão disciplinar por parte do general Pazuello. Em consequência, arquivou-se o procedimento administrativo que havia sido instaurado", diz o comunicado.

No começo da semana, o comandante do Exército, general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, já sinalizava a colegas de farda que integram o Alto Comando que a possibilidade de não punir Pazuello estava na mesa de discussões.

Oliveira alegou que a pressão feita pelo presidente Jair Bolsonaro era um fator relevante e poderia ser decisivo para não punir o general da ativa, ex-ministro da Saúde.

Diante da possibilidade, concretizada nesta quinta, discutiu-se, então, uma passagem imediata de Pazuello à reserva. Este movimento, porém, dependeria do próprio general, que já havia dito a integrantes do Alto Comando que não tomaria essa iniciativa enquanto durar a CPI da Covid no Senado, onde é um dos principais alvos.

Depois do ato no Rio, o vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) afirmou que a punição discutida de Pazuello tinha por objetivo "evitar que a anarquia se instaure dentro das Forças Armadas". "A regra tem que ser aplicada para evitar que a anarquia se instaure dentro das Forças. Assim como tem gente que é simpática ao governo, tem gente que não é."

Generais do Alto Comando manifestaram o desejo de que ocorresse com Pazuello pelo menos algo semelhante ao que ocorreu com Mourão em 2017, quando ele perdeu um posto na cúpula do Exército após defender a possibilidade de intervenção militar.

Em 2015, Mourão perdeu o comando militar do Sul por criticar a presidente Dilma Rousseff. Em 2018, aliou-se a Bolsonaro e se tornou o vice na chapa para a Presidência da República.

Pazuello não foi punido e não foi para a reserva. Pelo contrário: ganhou um cargo no Palácio do Planalto. Ele é, desde o dia 1º, secretário de Estudos Estratégicos da Secretaria de Assuntos Estratégicos, vinculada à Presidência da República.

No fim da manhã de domingo (23), Pazuello subiu sorridente ao carro de som onde estava Bolsonaro. Pouco antes houve um passeio de moto com apoiadores, do Parque Olímpico ao aterro do Flamengo. O percurso teve 40 quilômetros. Ao fim, houve discurso aos apoiadores.

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