
Emails
e notas fiscais que também foram analisadas pela auditoria da KPMG mostraram
que a Seguradora Líder atendia pedidos e fazias doações a políticos de
diferentes partidos ou pessoas ligadas a eles. O
relatório aponta, por exemplo, uma doação para Andrea Neves, irmã do deputado
Aécio Neves (PSDB-MG), quando ele era governador de Minas Gerais.
Andrea
assina um recibo referente a uma doação de R$ 500 mil que a Líder fez ao Servas
(Serviço Voluntário de Assistência Social de Minas Gerais), que na época era
presidido por ela.
A
auditoria destaca que não recebeu do Servas a prestação de contas dos
comprovantes relativos ao destino dessa verba doada pela Líder.
Um
outro email mostrou relacionamento próximo entre a Seguradora Líder e o
deputado federal Hugo Leal Melo da Silva (PSB-RJ), inclusive com custeio de
despesas para o parlamentar.
m
2012, a Líder comprou 300 camisetas, por R$ 3.780, para uma reunião em
Brasília. Em um email, uma funcionária da seguradora detalha o pagamento como
"mais um" pedido atendido do político.
O
deputado também era membro da CPI do DPVAT e participou da audiência que ouviu
o então presidente da Líder, Ricardo Xavier.
Em
outra solicitação, para desenvolvimento de um site da Frente Parlamentar em
Defesa do Trânsito Seguro, presidida por Hugo Leal da Silva, dirigentes da
seguradora discutem como abater de outros projetos os R$ 29 mil mensais
solicitados.
O
ex-deputado Fernando Francischini, então do SD-PR e hoje filiado ao PSL, também
é mencionado no relatório. Ele era suplente do seu então partido na CPI do
DPVAT.
A
auditoria identificou trocas de mensagens entre os administradores da Líder. Em
uma delas, o então presidente da seguradora, Ricardo Xavier, sugere datas para
uma reunião com o escritório Kfouri & Gorski e diz: "Devemos
recebê-los para conhecimento, a esposa do deputado federal Fernando
Francischini é sócia e ele falou comigo".
A
KPMG afirma, no entanto, que a participação da mulher de Francischini não foi
identificada.
O
escritório Kfouri & Gorski também é relacionado pela KPMG na subcontratação
do escritório Mendonça & Gonçalves, que recebeu cerca de R$ 34 milhões de
2010 a 2017.
Em
seu relatório final, de quase 1.000 páginas, a consultoria destaca ter
identificado que a relação da Líder com vários agentes públicos não atendeu
boas práticas corporativas e apresentava "risco de sanções por
descumprimento à lei anticorrupção".
OUTRO
LADO
Em
nota, a assessoria do deputado Aécio Neves respondeu que o Servas é uma
associação civil beneficente que recebe doações de entidades e empresas
privadas para investimentos em atividades sociais. "Todas as doações
recebidas à época corresponderam a um recibo e tiveram igual trâmite jurídico e
contábil em conformidade com a legislação de assistência social".
A
nota diz que "o cargo de presidente do Servas é exercido tradicionalmente
pela primeira-dama do Estado, quando há alguém na função, e que Andrea Neves
foi presidente durante os governos Aécio Neves e Antonio Anastasia, e, nessa
condição, era a responsável por assinar recibos e outros documentos".
A
assessoria completou que, na ocasião, Aécio, "assim como qualquer outro
governador", não participava da administração da entidade, e portanto não
tem relação com sua rotina administrativa. "Registra-se que o DPVAT é um
seguro da alçada federal, cuja gestão em nada estava relacionada à esfera
estadual".
Nenhum comentário:
Postar um comentário