
A
portaria do ministro da Justiça, Sergio Moro, que autorizou o envio da Força
Nacional para a segurança de índios no Maranhão excluiu a terra indígena que
apresenta o maior número de invasões, roubos de madeira e caça ilegal na
região.
O
documento de duas páginas divulgado pelo ministério, e que deve ser publicado
nesta terça-feira (10) no Diário Oficial, diz que a Força irá atuar apenas para
proteger indígenas, não indígenas e servidores públicos na Terra Indígena Cana
Brava, de 137 mil hectares e 4.500 índios, perto da qual foram assassinados a
tiros, no último sábado (7), dois guajajaras na rodovia federal BR-226.
Contudo,
a cerca de 200 quilômetros dali, a Terra Indígena Arariboia, com 413 mil
hectares e 12 mil índios, vive um clima de tensão e ameaças veladas desde o dia
1º de novembro, quando Paulo Paulino Guajajara foi morto com um tiro por um
invasor.
Paulo
era um dos "guardiões da floresta", como se autodenominou um grupo de
agentes florestais indígenas que fiscalizam invasões e o corte ilegal de
árvores na região.
O
Governo do Maranhão teve que tirar às pressas da Arariboia três
"guardiões" ameaçados. Desde então, os principais líderes indígenas
da região cobram apoio do governo federal para garantir mais segurança, mas a
única providência da União a esse respeito foi enviar uma equipe da Polícia
Federal, para apurar o assassinato do último dia 1º, e alguns servidores da
Funai (Fundação Nacional do Índio).
Não
há base de fiscalização na Arariboia. Além disso, os madeireiros e caçadores se
aproximam de uma área habitada por índios awás, considerados por indigenistas o
grupo étnico isolado mais ameaçado do mundo. Os ramais abertos por madeireiros
já avançaram mais de 1.200 quilômetros dentro da terra indígena.
Questionado
pela reportagem, o Ministério da Justiça afirmou que a Funai não solicitou o
envio da Força Nacional para a Terra Indígena Arariboia e que o trabalho foi
convocado para a Terra Indígena Cana Brava. Mas acrescentou que, "se houver
necessidade, a FNSP [Força Nacional] será deslocada a outras terras
indígenas".
A
Funai confirmou que solicitou ao ministério "o envio, em caráter de
urgência, da Força Nacional de Segurança Pública à Terra Indígena Cana Brava,
no Maranhão". "Se houver necessidade, a Fundação irá solicitar o
envio da FNSP a outras terras indígenas para resguardar a integridade das
comunidades indígenas e de servidores que atuam naquelas regiões."
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