A
Polícia Federal suspeita que organização criminosa liderada por um técnico
judiciário de Rondônia pode ter fraudado 42 concursos para acesso a 64 cargos
públicos realizados entre 2010 e 2015 para vagas em 30 tribunais, além de
autarquias e Assembleias Legislativas. A investigação, desdobramento da
Operação Afronta – deflagrada em outubro – , é a maior já realizada nessa área
pela PF.
Na
semana passada, a PF pediu à Fundação Carlos Chagas, instituição que aplica as
provas, uma auditoria ‘com a máxima brevidade’, inicialmente comparando-se as
provas discursivas de todos os candidatos aprovados a fim de identificar todos
os fraudadores e beneficiários do esquema.
O
mapeamento que coloca sob suspeita aprovados de 42 concursos foi realizado a
partir de ampla pesquisa da Fundação em seu banco de dados. A PF quer ir além
nesse trabalho porque acredita que os integrantes da organização se infiltraram
em outros concursos por meio da inscrição dos ‘pilotos’ – agentes da quadrilha
que se inscrevem apenas para ter acesso às provas e que recebem R$ 5 mil por
concurso.
O
inquérito da Afronta foi relatado em novembro e encaminhado à Justiça Federal
em Sorocaba, base da missão, com indiciamento de nove alvos, entre eles o
técnico judiciário José Carlos de Lima, apontado como ‘o principal articulador’
da rede de fraudes em certames públicos.
Segundo
a PF, o grau de sofisticação do grupo era tão elevado que os ‘candidatos’
usavam até ponto eletrônico que cabia na ponta do dedo indicador – uma peça tão
pequena que, depois da prova, só podia ser retirada do ouvido com uso de um
ímã.
A
PF suspeita que a organização se infiltrou em concursos realizados para
preenchimentos de cargos em todos os cinco Tribunal Regionais Federais, 14
Tribunais Regionais do Trabalho e 11 Tribunais Regionais Eleitorais.
Instâncias
que a PF reputa como vítimas da organização, os Tribunais estão colaborando de
modo decisivo para barrar o acesso de fraudadores em seus quadros.
A
investigação foi aberta a partir de uma representação do Tribunal Regional
Federal da 3.ª Região (TRF3), situado em São Paulo, que descobriu a fraude.
A
PF agiu rapidamente e descobriu que ‘pilotos’ da quadrilha se inscreveram para
concursos destinados ao preenchimento de cargos nesses tribunais. Da Isto É.