sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

Ex-ministro Bresser Pereira prevê retomada do crescimento em 2016

            O economista Luiz Carlos Bresser-Pereira não acredita que a crise econômica brasileira se prolongue indefinidamente, nem mesmo que persista em 2016, aposta dos setores que veem nos problemas da economia uma forte oportunidade para enfraquecer o governo Dilma Rousseff. Para ele, a crise deve começar a ser superada no próximo ano, embora o Produto Interno Bruto (PIB) ainda tenha a tendência de se manter negativo.

“Como eu acho que a economia vai começar a recuperar, então espero que no final do ano (de 2016), se o PIB ainda for negativo, e é bem possível que seja, será muito menos que este ano”, diz. “A economia já estará claramente retomando o crescimento, mas (a partir) de quase estagnação.”

Para o ex-ministro da Fazenda em 1987, no governo de José Sarney, porém, os problemas da economia do país não são apenas conjunturais, mas estruturais: “Meu entendimento é de que a economia brasileira é semiestagnada desde 1980. A renda per capita brasileira vem crescendo menos que 1% por ano, quando crescia 4,1% entre 1950 e 1980”.

Segundo a análise de Bresser-Pereira, o Brasil tem dois grandes problemas, que afetam sua capacidade de crescimento e o impedem de desenvolver uma política econômica forte e sustentável no longo prazo: a “alta preferência pelo consumo imediato”, fator do qual decorrem políticas que incentivam o deficit em conta corrente ou o câmbio apreciado “para poder consumir mais”, e a perda da “ideia de nação”.

Segundo ele, depois do grande erro que a presidenta cometeu, que foram as desonerações, que ela pensou que fosse política industrial, e foi um desastre, quando ela viu tamanho da crise, está agora fazendo a política correta. Acho que o novo ministro (da Fazenda) vai fazer a política correta também, afirmou.

Para Bresser Pereira, a política de ajuste fiscal é correta. “Eu sou crítico, por um lado, de quem afirma que o ajuste é a condição sine qua non e a coisa mais importante que é preciso fazer para o país retomar o crescimento. Não é verdade. O mais importante para a retomada do crescimento já foi feito, e foi o ajuste feito pelo mercado da taxa de câmbio. Isso tornou as empresas industriais novamente competitivas, de forma que é questão de mais tempo, menos tempo, para que elas voltem a investir. Quando você tem uma depreciação forte como tivemos, o primeiro reflexo é sempre recessivo, porque as pessoas ficam mais pobres, todas as pessoas ficam um pouco mais pobres. Mas em seguida você torna a indústria mais competitiva, ela começa a investir e produzir, e você tem a retomada do crescimento. Entendo que é isso que vai acontecer na economia brasileira a partir de 2016”, concluiu o ex-ministro.