O
economista Luiz Carlos Bresser-Pereira não acredita que a crise econômica
brasileira se prolongue indefinidamente, nem mesmo que persista em 2016, aposta
dos setores que veem nos problemas da economia uma forte oportunidade para
enfraquecer o governo Dilma Rousseff. Para ele, a crise deve começar a ser
superada no próximo ano, embora o Produto Interno Bruto (PIB) ainda tenha a
tendência de se manter negativo.
“Como
eu acho que a economia vai começar a recuperar, então espero que no final do
ano (de 2016), se o PIB ainda for negativo, e é bem possível que seja, será
muito menos que este ano”, diz. “A economia já estará claramente retomando o
crescimento, mas (a partir) de quase estagnação.”
Para
o ex-ministro da Fazenda em 1987, no governo de José Sarney, porém, os
problemas da economia do país não são apenas conjunturais, mas estruturais:
“Meu entendimento é de que a economia brasileira é semiestagnada desde 1980. A
renda per capita brasileira vem crescendo menos que 1% por ano, quando crescia
4,1% entre 1950 e 1980”.
Segundo
a análise de Bresser-Pereira, o Brasil tem dois grandes problemas, que afetam
sua capacidade de crescimento e o impedem de desenvolver uma política econômica
forte e sustentável no longo prazo: a “alta preferência pelo consumo imediato”,
fator do qual decorrem políticas que incentivam o deficit em conta corrente ou
o câmbio apreciado “para poder consumir mais”, e a perda da “ideia de nação”.
Segundo
ele, depois do grande erro que a presidenta cometeu, que foram as desonerações,
que ela pensou que fosse política industrial, e foi um desastre, quando ela viu
tamanho da crise, está agora fazendo a política correta. Acho que o novo
ministro (da Fazenda) vai fazer a política correta também, afirmou.
Para
Bresser Pereira, a política de ajuste fiscal é correta. “Eu sou crítico, por um
lado, de quem afirma que o ajuste é a condição sine qua non e a coisa mais
importante que é preciso fazer para o país retomar o crescimento. Não é
verdade. O mais importante para a retomada do crescimento já foi feito, e foi o
ajuste feito pelo mercado da taxa de câmbio. Isso tornou as empresas
industriais novamente competitivas, de forma que é questão de mais tempo, menos
tempo, para que elas voltem a investir. Quando você tem uma depreciação forte
como tivemos, o primeiro reflexo é sempre recessivo, porque as pessoas ficam
mais pobres, todas as pessoas ficam um pouco mais pobres. Mas em seguida você
torna a indústria mais competitiva, ela começa a investir e produzir, e você
tem a retomada do crescimento. Entendo que é isso que vai acontecer na economia
brasileira a partir de 2016”, concluiu o ex-ministro.