terça-feira, 19 de outubro de 2021

Arcoverde: A novela da COPE e a memória pronta para ser lançada ao lixo

                        “Um povo sem conhecimento, saliência de seu passado histórico, origem e cultura é como uma árvore sem raízes”, essa frase que não é de nenhum pensador grego, mas do músico Bob Marley, retrata bem o momento que permeia as discussões de um governo ainda sem saber pra onde vai e uma Câmara que pode jogar fora um dos poucos patrimônios históricos de sua cidade. Estamos falando o histórico prédio da Prefeitura Velha, sede da antiga Rio Branco, inaugurado em 07 de setembro de 1941 por Agamenon Magalhães, e anos após passou a se chamar Arcoverde.

Sob a fala alegação de que Arcoverde pode perde a COPE (Central de Oportunidades) e a Agencia do Trabalho instalada desde 2006, trava-se uma batalha política aonde o maior perdedor poderá ser o patrimônio histórico de Arcoverde. Por questão de endereço a Agência do Trabalho não deixará de funcionar no município, pois após incêndio ocorrido no prédio da Prefeitura Velha por descaso do Governo do Estado que não fez a manutenção devida, ela funcionou muitíssimo bem em outro prédio locado pela municipalidade. E o COPE, esse é que não perde mesmo. Só se o governo quiser, ou não quiser.

Nos 15 anos que esteve instalada no prédio que é um marco para a história de Arcoverde, um patrimônio cultural diante do qual a Secretaria de Cultura silencia, a Agência do Trabalho, mas precisamente o Governo do Estado, retirou da fachada o nome de “Rio Branco”, pintou a histórica fachada de vermelho e achando pouco ainda em 2013 arrancou o brasão do município que tinha na fachada e que teve que ser reposto após denúncias. Logo depois, sua bancada começa a se deteriorar e cai sobre a calçada, ameaçando sua estrutura. É esse o modus operante de preservação que coloca em risco a história de um povo.

Assim fizeram com o antigo Cinema Bandeirantes, que mesmo diante da luta do movimento cultural, sucumbiu ao antigo Balaio. A antiga escola aonde funciona o Verdes Arcos que deu lugar a um prédio moderno e enterrou mais um capítulo da história mesmo com uma lei de preservação de 2009 em vigor que tombava o local.

“É responsabilidade do Poder Público Municipal, com a participação da sociedade, planejar, fomentar políticas públicas de cultura, assegurar a preservação e promover a valorização do patrimônio cultural, material e imaterial do município de Arcoverde...”. Isso, está no artigo 5º da Lei Complementar 007/2018 que dispõe sobre o Sistema Municipal de Cultura de Arcoverde. Mas preservação é o que menos importa, o que importa é a disputa política, movida por rancores, que colocam em risco um dos poucos e restantes patrimônios culturais da história de Arcoverde que caminha para seus 100 anos sem memória, sem registros, só com lembranças.

Pra encerrar, sobre o COPE, a tal Central de Oportunidades que vai promover empregos sem parar em Arcoverde como diziam com o Shopping Center que nunca gerou um só emprego, podemos pegar o exemplo de Afogados da Ingazeira para sabermos o tamanho dele.

A Central de Oportunidades de Afogados da Ingazeira, aonde são oferecidos serviços da Agência do Trabalho, da Junta Comercial de Pernambuco (Jucepe) e da Agência de Empreendedorismo (AGE), cujo principal papel é coordenar o Programa de Crédito Popular, atua com 03, três funcionários da prefeitura capacitados pela SETEQ. O mais interessante: está instalada um imóvel cedido pela prefeitura, onde hoje funciona a Sala do Empreendedor. Uma casa, térreo, normal.

Além dos atos de improbidade, já que foram feitos gastos com projetos diante da doação há mais de 02 anos do prédio pela Prefeitura à Câmara de Vereadores, os nobres vereadores, muitos deles que aprovaram a Lei de preservação de 2009 e a lei que criou o Sistema Municipal de Cultura de Arcoverde, vão jogar a história de volta às mãos de quem não preservou, não cuidou, deixou pegar fogo e quase põe fim a mais um pedaço da história de Arcoverde. Foi-se o Bandeirante e o Verdes Arcos, esses privados; agora ameaça-se levar para o baú da história, a Prefeitura Velha, o Paço Municipal como foi inaugurado em 1941, por disputas políticas pequenas diante do tamanho dos 80 anos que aquele patrimônio completou no último dia 09 de setembro. Além dela, resta a Casa do ex-prefeito Augusto Cavalcanti, construída em 1918, ao lado da antiga delegacia de polícia.

Essa perda, essa marca, com certeza ficará nos registros do prefeito Wellington Maciel como um dos pontos negativos de sua passagem pelo comando do município. Não se discute aqui política, amarelo, azul, verde ou encarnado, mas a preservação de um patrimônio, raro, de 80 anos, inclusive diante do silêncio do Conselho Municipal de Cultura e do movimento cultural.  

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