terça-feira, 18 de maio de 2021

Câmara discute destino de precatórios do Fundef

                    A Comissão de Educação da Câmara dos Deputados debateu  nesta segunda-feira (17) o destino dos precatórios do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (Fundef).

A principal questão debatida durante a audiência pública foi o destino de parte desses recursos ainda não pagos – mais especificamente sobre se ele seria usado a critério dos gestores em educação, ou se teria como destino abonos a serem pagos a professores e demais profissionais da área.

O deputado José Ricardo (PT- AM), que solicitou o debate, lembrou que desde quando foi implementado o Fundef, até sua substituição pelo Fundeb, constatou-se que a União repassou aos estados e municípios valores inferiores ao devido, gerando o que se popularizou chamar de “precatórios do Fundef”.

Na discussão de hoje, deputados, autoridades e representantes de professores e de municípios debateram a subvinculação do Fundef em relação aos 60% que deveriam ter como destino os profissionais da educação.

Ao iniciar sua fala, o coordenador de Operacionalização do Fundeb do Ministério da Educação (MEC), Leomir Ferreira de Araújo, disse que esses precatórios ocorreram porque “em algum momento entre o período entre 1998 e 2006, a União e sua complementação não transferiu recursos de forma esperada, com os cálculos adequados".

O coordenador lembrou que a Justiça já teria concluído que houve o equívoco e, "de forma justa, quis retribuir, ressarcir e reoperacionalizar a aplicação desses recursos devidos aos estados brasileiros”.

Ele disse ainda que manifestações técnicas têm se pronunciado, ao longo dos últimos dez anos, de forma a ressaltar que o recurso precisa retornar aos estados para ser aplicado na área de educação, implementando ações de manutenção e desenvolvimento do ensino, de forma a contribuir para a educação pública brasileira.

“A jurisprudência do TCU [Tribunal de Contas da União] diz que não seria possível a subvinculação em relação aos 60% desse recurso, e que ele deve retornar à educação sem esse tipo de vínculo ou relação obrigatória”, disse o coordenador do ministério.

Segundo o secretário de Controle Externo da Educação, da Cultura e do Desporto do TCU, Alípio Dias dos Santos Neto, os recursos devem ser utilizados em ações como manutenção e desenvolvimento do ensino para a educação básica pública. Ele alertou para a “impossibilidade de uso do recurso para pagamento de honorários advocatícios com recursos dos precatórios do Fundef, nem para pagamento de rateios, abonos indenizatórios, passivos trabalhistas ou previdenciários ou qualquer remuneração ordinária” – posicionamento que foi questionado por parlamentares e por representantes de profissionais da educação.

“Todos aqui buscam justificar, via Constituição, suas ideias e seus desejos. O Fundeb foi criado visando a manutenção do ensino fundamental e a valorização do magistério. Mas vocês esquecem de que, dos cinco objetivos descritos para o Fundeb, quatro tratam de professores e professoras”, disse o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Heleno Manoel Gomes Araújo Filho.

“O primeiro desses objetivos é o de pagar os docentes e outros funcionários que atuam diretamente nas instituições de ensino. O segundo [objetivo descrito para o Fundeb], é o de pagar encargos sociais devidos pelo poder público. O terceiro objetivo é o de [ser usado para a] elaboração de planos de carreiras e remuneração de docentes. E o quarto, investimento na melhoria de professores e professoras, com cursos de especialização, acesso ao ensino superior, e outras formas de investir nesses profissionais”, argumentou.

O presidente do Sindicato dos Servidores Públicos lotados nas Secretarias de Educação e de Cultura do Estado do Ceará, Anizio Melo, corroborou da posição manifestada pelo presidente da CNTE e acrescentou que, a partir de 2015, parte dos prefeitos usou os recursos de forma livre, sem a destinação correta.

 

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