quarta-feira, 28 de abril de 2021

Geraldo Julio diz ao Diário que não é candidato a governador

                     Cotado como provável nome do PSB para concorrer à sucessão do governador Paulo Câmara na eleição do próximo ano, o ex-prefeito do Recife e atual secretário de Desenvolvimento Econômico do estado, Geraldo Julio, acredita que a Frente Popular é favorita para vencer a disputa em 2022. Entretanto, ainda não se coloca como candidato. Segundo ele, caberá a Paulo Câmara o papel de conduzir o processo de liderança da Frente Popular.

Em entrevista ao Diário de Pernambuco, Geraldo Julio avaliou como positivo o início do mandato do seu sucessor, João Campos, defendeu que o PSB deveria lançar candidatura própria à presidência e falou sobre a importância de acelerar o processo de vacinação contra a Covid-19 para que o país possa retomar o crescimento econômico.

Seu sucessor na prefeitura completou 100 dias de governo recentemente, como o senhor avalia o desempenho de João Campos?

Acho que João tem tido um desempenho excelente. É o que vejo e é, também, o que escuto de muitas pessoas. A vacinação do Recife é a mais eficiente do país, seja na gestão da oferta, seja na comodidade e humanização do processo. O aplicativo é, sem dúvida, um serviço de altíssima qualidade para a população. E veja quantas vezes o ministério já descumpriu os cronogramas. Ele também já entregou um de seus mais importantes compromissos de campanha que é o Crédito Popular. Além disso, está em um ritmo acelerado de obras novas, a exemplo do Parque das Graças. Ele tem visitado muitas obras nas comunidades também.

O desempenho de João Campos deve ajudar o PSB nas eleições de 2022?

Não tenho dúvida que sim. E acredito que a Frente Popular reúne todas as condições para construir mais uma vitória nas eleições de 2022. Vejo a frente como favorita. É claro que para esse favoritismo se transformar em resultado concreto é preciso trabalhar com muita determinação.

Então o senhor se considera favorito para ser governador?

Não. Não foi isso que eu disse. Eu falei que acho que a Frente Popular é favorita. Eu não sou candidato.

Como assim? O senhor não é candidato a governador? Mas é o que todos falam...

É isso mesmo. Eu nunca me coloquei como candidato. Talvez pelo fato de ter governado o Recife por oito anos, tendo sido reeleito com a maior votação da história, ter visto o povo escolher o candidato do meu partido para me suceder e, além disso, sair com 61% de aprovação da população, as pessoas achem que o natural seria eu me candidatar a governador. E eu reconheço que esses são elementos importantes. Mas existe um outro fator essencial.

Que fator é esse?

Em 2014, Eduardo comandou a Frente Popular na sucessão dele. Em 2020, eu comandei a Frente em minha sucessão. As duas deram certo. Nós vencemos as eleições. Em 2022, a sucessão é de Paulo Câmara, ele tem o direito de comandar a Frente Popular. E ele como líder do processo deve ter total liberdade de fazer a escolha. Eu não sou candidato. Só assim ele terá a liberdade necessária para fazer a escolha. Considero esse o fator mais importante em busca da vitória nas eleições.

O senhor acha que essa condição de escolha é o mais importante?

Sim. Acho que dar continuidade ao trabalho da Frente Popular, iniciado desde Dr. Arraes, é o maior objetivo. Continuar governando para o povo. Para isso, é necessário vencer as eleições. E, para vencer uma eleição, é preciso um caminho, um comando e muito trabalho. Para mim, isso é muito mais importante que a vaidade pessoal de qualquer um. Aliás, as pessoas me conhecem e sabem que eu não sou afeito a vaidades. Nem política, nem pessoal. Eu sou fruto de minhas convicções, aprendi desde criança, seja com meus pais, seja observando lideranças políticas que admiro, que o mais importante é combater a desigualdade e a injustiça social. O interesse coletivo é muito mais importante que o individual. Eu dedico minha vida a construir um mundo melhor, mais sustentável e com mais oportunidades para todos. Faço isso jogando em qualquer posição.

E sem o senhor ser candidato a Frente Popular tem nome competitivo para ser candidato a governador?

Claro. Como disse acho que a Frente Popular é favorita. É claro que precisa de uma estratégia e de muito trabalho, determinação. Me lembro que Eduardo sempre disse que a prioridade da Frente Popular sempre foi apresentar um caminho, uma ideia, e que isso é muito mais importante do que um nome. Mas existem muitos nomes que podem representar a Frente e sair vitoriosos na eleição. Os partidos aliados têm nomes importantes, deputados federais de grande expressão, presidentes de partidos, gente de expressão nacional. O PSB tem nomes importantes, a exemplo de seus deputados federais e, também, alguns estaduais de maior peso. Até mesmo alguns secretários do governo de Paulo reúnem as condições para serem escolhidos por ele. O leque é grande e tem muitas opções que podem ser candidatos fortíssimos e saírem vencedores.

E qual será o seu papel?

Tenho conversado muito com lideranças nacionais do PSB e de outros partidos. Acho que a eleição de 2022 é fundamental para o futuro do país. Vou continuar ajudando em articulações nacionais e aqui vou cumprir meu papel de ajudar a Frente Popular a vencer as eleições. Cumpri papéis importantes em todas as eleições desde 2006 e estou disposto a fazer isso no próximo ano também. O candidato da Frente Popular vai contar com meu trabalho e a mesma dedicação que tive em 2014 e 2018. A Frente Popular sabe o quanto me dediquei nessas duas eleições. Posso também disputar algum mandato, que não seja o de governador. Ainda tenho tempo para decidir sobre isso. Até lá continuo meu trabalho na Secretaria de Desenvolvimento Econômico, pasta que me identifico muito. Fizemos anúncios importantes nos últimos meses, como a parceria com o governo argentino e a autorização para os maiores navios porta contêineres da América Latina atracarem em Suape e a duplicação do Programa Força Local, focado no interior do estado. Temos muitos investimentos para anunciar nos próximos meses, são milhares de empregos e bilhões de reais em investimentos.

Já que o senhor falou em eleição nacional, já está certo o apoio do PSB ao ex-presidente Lula?

Não. Acho que o melhor caminho para o PSB é uma candidatura própria que defenda as ideias que Eduardo defendeu em 2014. Elas são cada dia mais atuais e necessárias. Não sei se o ex-presidente Lula será realmente candidato. Se for, vai ter que mudar muito seus posicionamentos. Se fizermos um resumo do que ele falou de 2019 para cá, vai ficar claro que não falou o que o Brasil está precisando para o futuro. Acho que o próprio PT está analisando, mas isso cabe ao PT e não a nós.

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