Em
entrevista ao Diário de Pernambuco, Geraldo Julio avaliou como positivo o
início do mandato do seu sucessor, João Campos, defendeu que o PSB deveria
lançar candidatura própria à presidência e falou sobre a importância de
acelerar o processo de vacinação contra a Covid-19 para que o país possa
retomar o crescimento econômico.
Seu
sucessor na prefeitura completou 100 dias de governo recentemente, como o
senhor avalia o desempenho de João Campos?
Acho
que João tem tido um desempenho excelente. É o que vejo e é, também, o que
escuto de muitas pessoas. A vacinação do Recife é a mais eficiente do país,
seja na gestão da oferta, seja na comodidade e humanização do processo. O
aplicativo é, sem dúvida, um serviço de altíssima qualidade para a população. E
veja quantas vezes o ministério já descumpriu os cronogramas. Ele também já
entregou um de seus mais importantes compromissos de campanha que é o Crédito
Popular. Além disso, está em um ritmo acelerado de obras novas, a exemplo do
Parque das Graças. Ele tem visitado muitas obras nas comunidades também.
O
desempenho de João Campos deve ajudar o PSB nas eleições de 2022?
Não
tenho dúvida que sim. E acredito que a Frente Popular reúne todas as condições
para construir mais uma vitória nas eleições de 2022. Vejo a frente como
favorita. É claro que para esse favoritismo se transformar em resultado
concreto é preciso trabalhar com muita determinação.
Então
o senhor se considera favorito para ser governador?
Não.
Não foi isso que eu disse. Eu falei que acho que a Frente Popular é favorita.
Eu não sou candidato.
Como
assim? O senhor não é candidato a governador? Mas é o que todos falam...
É
isso mesmo. Eu nunca me coloquei como candidato. Talvez pelo fato de ter
governado o Recife por oito anos, tendo sido reeleito com a maior votação da
história, ter visto o povo escolher o candidato do meu partido para me suceder
e, além disso, sair com 61% de aprovação da população, as pessoas achem que o
natural seria eu me candidatar a governador. E eu reconheço que esses são
elementos importantes. Mas existe um outro fator essencial.
Que
fator é esse?
Em
2014, Eduardo comandou a Frente Popular na sucessão dele. Em 2020, eu comandei
a Frente em minha sucessão. As duas deram certo. Nós vencemos as eleições. Em
2022, a sucessão é de Paulo Câmara, ele tem o direito de comandar a Frente
Popular. E ele como líder do processo deve ter total liberdade de fazer a
escolha. Eu não sou candidato. Só assim ele terá a liberdade necessária para
fazer a escolha. Considero esse o fator mais importante em busca da vitória nas
eleições.
O
senhor acha que essa condição de escolha é o mais importante?
Sim.
Acho que dar continuidade ao trabalho da Frente Popular, iniciado desde Dr.
Arraes, é o maior objetivo. Continuar governando para o povo. Para isso, é
necessário vencer as eleições. E, para vencer uma eleição, é preciso um
caminho, um comando e muito trabalho. Para mim, isso é muito mais importante
que a vaidade pessoal de qualquer um. Aliás, as pessoas me conhecem e sabem que
eu não sou afeito a vaidades. Nem política, nem pessoal. Eu sou fruto de minhas
convicções, aprendi desde criança, seja com meus pais, seja observando
lideranças políticas que admiro, que o mais importante é combater a
desigualdade e a injustiça social. O interesse coletivo é muito mais importante
que o individual. Eu dedico minha vida a construir um mundo melhor, mais
sustentável e com mais oportunidades para todos. Faço isso jogando em qualquer
posição.
E
sem o senhor ser candidato a Frente Popular tem nome competitivo para ser
candidato a governador?
Claro.
Como disse acho que a Frente Popular é favorita. É claro que precisa de uma
estratégia e de muito trabalho, determinação. Me lembro que Eduardo sempre
disse que a prioridade da Frente Popular sempre foi apresentar um caminho, uma
ideia, e que isso é muito mais importante do que um nome. Mas existem muitos
nomes que podem representar a Frente e sair vitoriosos na eleição. Os partidos
aliados têm nomes importantes, deputados federais de grande expressão,
presidentes de partidos, gente de expressão nacional. O PSB tem nomes
importantes, a exemplo de seus deputados federais e, também, alguns estaduais
de maior peso. Até mesmo alguns secretários do governo de Paulo reúnem as
condições para serem escolhidos por ele. O leque é grande e tem muitas opções
que podem ser candidatos fortíssimos e saírem vencedores.
E
qual será o seu papel?
Tenho
conversado muito com lideranças nacionais do PSB e de outros partidos. Acho que
a eleição de 2022 é fundamental para o futuro do país. Vou continuar ajudando
em articulações nacionais e aqui vou cumprir meu papel de ajudar a Frente
Popular a vencer as eleições. Cumpri papéis importantes em todas as eleições
desde 2006 e estou disposto a fazer isso no próximo ano também. O candidato da
Frente Popular vai contar com meu trabalho e a mesma dedicação que tive em 2014
e 2018. A Frente Popular sabe o quanto me dediquei nessas duas eleições. Posso
também disputar algum mandato, que não seja o de governador. Ainda tenho tempo
para decidir sobre isso. Até lá continuo meu trabalho na Secretaria de
Desenvolvimento Econômico, pasta que me identifico muito. Fizemos anúncios
importantes nos últimos meses, como a parceria com o governo argentino e a
autorização para os maiores navios porta contêineres da América Latina
atracarem em Suape e a duplicação do Programa Força Local, focado no interior
do estado. Temos muitos investimentos para anunciar nos próximos meses, são
milhares de empregos e bilhões de reais em investimentos.
Já
que o senhor falou em eleição nacional, já está certo o apoio do PSB ao
ex-presidente Lula?
Não.
Acho que o melhor caminho para o PSB é uma candidatura própria que defenda as
ideias que Eduardo defendeu em 2014. Elas são cada dia mais atuais e
necessárias. Não sei se o ex-presidente Lula será realmente candidato. Se for,
vai ter que mudar muito seus posicionamentos. Se fizermos um resumo do que ele
falou de 2019 para cá, vai ficar claro que não falou o que o Brasil está
precisando para o futuro. Acho que o próprio PT está analisando, mas isso cabe
ao PT e não a nós.
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