Os
médicos Rafael e Carolina trabalham na linha de frente do combate à Covid em
hospitais diferentes, no Rio, mas nas últimas semanas têm sido testemunhas
diárias do mesmo drama: o avanço da doença.
“Nessas
últimas 24 horas, os leitos foram desocupados e imediatamente reocupados num
período de menos de seis horas”, contou Rafael.
“Quando
algum paciente vai a óbito ou tem alta do CTI, esses leitos são preenchidos em
cerca de duas, três horas no máximo”, disse Carolina.
E
o aumento da oferta de eleitos está sendo insuficiente para atender o número de
pacientes graves que chegam às emergências. A fila está crescendo. Na
terça-feira passada (24), 146 pacientes esperavam por um leito na cidade do
Rio. Nesta terça (1), mais que dobrou, são 315, 168 deles precisando de UTI.
Na
rede SUS do município, 91% das UTIs para Covid estão ocupadas. Nos hospitais
particulares também está perto do limite.
Um
grupo de cientistas da Universidade Federal do Rio de Janeiro, que acompanha a
evolução da pandemia, afirma que o estado pode sofrer um colapso no atendimento
aos pacientes, principalmente aos mais graves. Eles pedem que as autoridades
locais e federais trabalhem de forma coordenada para tomar medidas urgentes.
Na
lista estão a abertura imediata de leitos de enfermarias e UTIs, contratação
emergencial de profissionais de saúde, ampla testagem da população, suspensão
imediata de todo tipo de evento presencial, fechamento de praias e uma
avaliação para retomar medidas de distanciamento e até lockdown, caso a
situação permaneça a mesmo ou então se agrave.
A
Secretária municipal de Saúde do Rio anunciou que vai se reunir nesta
quarta-feira (2) com o Comitê Científico para avaliar se é o caso de recuar nas
medidas de flexibilização. Afirmou que mantém um hospital de campanha
funcionando e que não fechou leitos. O governo do estado anunciou a abertura de
mais 150 leitos de UTI nos próximos 15 dias.
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