Três
pessoas foram presas na manhã desta segunda-feira (1º) durante uma operação da
Polícia Civil da Bahia contra a empresa Hempcare, que vendeu e não entregou
respiradores ao Consórcio do Nordeste. Além das prisões, a operação Ragnarok
cumpriu 15 mandados de busca e apreensão em Salvador, São Paulo, Rio de
Janeiro, Brasília e Araraquara (SP).
De
acordo com a polícia do Distrito Federal, foram cumpridos dois mandados de
prisão temporária em um hotel e dois de busca e apreensão em um residencial de
Brasília. A outra prisão ocorreu no Rio de Janeiro. Os presos devem ser
trazidos para a Bahia ainda nesta segunda-feira.
O
advogado da empresa informou que, no momento, está levantando informações sobre
a medida cautelar, que segue sob sigilo, para depois se posicionar sobre o
caso.
A
polícia informou que o grupo alvo da ação é especializado em estelionato,
através de fraude na venda de equipamentos hospitalares. Conforme apontam as
investigações, a empresa recebeu R$ 48 milhões por um conjunto de respiradores,
não os entregou e ainda não devolveu o recurso. A empresa alvo da ação se
apresentava como revendedor dos produtos.
"No
decorrer da investigação, a Polícia Civil conseguiu identificar que o contrato
que essa empresa alegava ter com a empresa chinesa, na verdade, era um contrato
falsificado. Inclusive, através de informações da embaixada da China, se
constatou que a empresa que eles alegaram como fabricante dos respiradores na
China é uma empresa de construção civil e que não trata, em absoluto, desse
tipo de equipamento. Diante disso, foram pedidos bloqueios de conta, busca e
apreensão, prisões para que houvesse a busca pela recuperação do recurso",
detalha Maurício Barbosa, Secretário de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA).
Em
Araraquara, a Polícia Civil local deu apoio ao cumprimento de mandado de busca
e apreensão expedido pela polícia baiana. As buscas foram feitas na empresa
Biogeoenergy, que é do mesmo grupo da Hempcare e no apartamento do diretor da
empresa, no bairro do Morumbi, em Araraquara.
Foram
apreendidos documentos e um veículo. O diretor da empresa anunciou na última
semana o início da fabricação de mais de quatro mil respiradores em Araraquara
e Feira de Santana.
O
advogado da empresa, Delorges Mano, afirmou que a empresa de Araraquara ainda
não começou a produção dos respiradores.
A
dona da Hempcare, que teve os bens bloqueados, informou que fez o contrato para
importar respiradores da China, mas que durante as negociações percebeu que os
equipamentos fabricados no país apresentavam problemas. A empresa afirmou que,
em contrapartida, ofereceu respiradores produzidos no Brasil, testados pela
Anvisa e mais baratos. Ainda segundo a empresa, caso a substituição fosse
aceita, ao invés de 300, mais de 400 respiradores seriam entregues.
O
secretário de Segurança Pública da Bahia informou que os respiradores nacionais
colocados como opção de recebimento pela empresa, nem existem porque não foram
homologados pela Anvisa.
"A
situação tratada [pela empresa] como um mero descumprimento de contrato, não
procede. Nas buscas feitas hoje [segunda-feira] na fábrica dessa empresa, em
Araraquara [SP], esses equipamentos não foram montados. Ou seja, eles estavam
na expectativa de conseguir a autorização da Anvisa para montar esses
equipamentos e com o dinheiro pago antecipadamente pelo Consórcio Nordeste,
eles iam fabricar. Então, houve na verdade, a tentativa de ludibriar o
Consórcio", explica Maurício.
Ainda
segundo as investigações, a empresa tentou negociar de forma fraudulenta com
vários setores no país, entre eles os Hospitais de Campanha e de Base do
Exército, ambos em Brasília.
A
operação, coordenada pela Secretaria da Segurança Pública da Bahia (SSP-BA),
através da Superintendência de Inteligência, conta com a participação da
Polícia Civil da Bahia, através da Coordenação de Crimes Econômicos e Contra
Administração Pública, da Polícia Civil de SP, do Distrito Federal e do
Ministério Público da Bahia.
A
polícia detalhou que mais de 100 contas bancárias vinculadas ao grupo foram
bloqueadas pela Justiça. Do G1BA
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