O
Ministério Público do Rio de Janeiro deflagrou na manhã desta quinta-feira (7)
a Operação Mercadores do Caos, que visa apurar crimes na compra sem licitação
pelo governo estadual de respiradores para o tratamento de pacientes
infectados pelo novo coronavírus.
Há
cinco mandados de prisões preventivas expedidos, e outros 13 de busca e
apreensão. Os nomes e endereços dos alvos não foram divulgados, em razão de
sigilo judicial. De acordo com o MP-RJ, os investigados formaram "uma
organização criminosa estruturada para obter vantagens em contratos
emergenciais" na compra de ventiladores pulmonares. O estado firmou
contratos com três empresas para obter, no total, mil unidades. Apenas 52 foram
entregues até esta quinta.
A compra dos equipamentos, importados da China, é alvo de investigações tanto do MP-RJ como do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ) e de órgãos de auditoria do próprio estado. Suspeitas nas compras emergenciais também levaram ao afastamento de Gabriell Neves, ex-subsecretário-executivo da Secretaria de Saúde.
De
acordo com a avaliação técnica do TCE-RJ, as firmas contratadas não
demonstraram capacidade para fornecer o volume de equipamentos prometidos nos
prazos definidos em contrato. O tribunal determinou que a pasta explique as
contratações. O Ministério Público do Rio de Janeiro também investiga o caso.
A
Secretaria de Saúde firmou três contratos que, somados, R$ 183,6 milhões. O
valor unitário do respirador variou de R$ 169 mil a R$ 198 mil. As empresas que
cobraram mais caro, MHS Produtos e Serviços e A2A Informática, não entregaram
nenhum dos 300 ventiladores prometidos até esta quinta-feira (30). A Our
Company disponibilizou apenas 52 das 400 unidades contratadas e a MHS promete
entregar até o dia 10 de maio.
Todas
foram contratadas para importar o equipamento da China, país que concentra a
produção de ventiladores e está sob forte demanda mundial em razão da pandemia
do Covid-19.
Ao
justificar os preços pagos, muito acima do praticado no mercado, a secretaria
apontou os prazos exíguos de entrega exigidos em contrato: cinco dias para um
primeiro lote e dez para toda a contratação. Além disso, a pasta pagou
antecipadamente parte do contrato antes mesmo de receber o produto –prática
inusual na administração pública. A justificativa era de que as fábricas
chinesas exigiam o pagamento antecipado pelo produto em razão da grande
demanda.
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