sexta-feira, 24 de abril de 2020

Pivô de embate, PF apura casos sobre o entorno do presidente


            Desde que assumiu o cargo, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ensaiou em mais de uma oportunidade mudar o comando da Polícia Federal, minando a influência do ministro da Justiça, Sergio Moro, sobre a cúpula da corporação. Tentativas de ingerência se deram com a abertura e o avanço de investigações contra pessoas do entorno do mandatário.

O incômodo de Bolsonaro aumentou recentemente por causa de inquéritos que apuram um suposto esquema de fake news para atacar autoridades, entre elas alguns adversários, e atos pró-golpe militar promovidas por grupos bolsonaristas –no domingo (19), o presidente foi a um deles.

Os dois casos, no STF (Supremo Tribunal Federal) sob relatoria de Alexandre de Moraes, devem ser tocados pela mesma equipe de policiais, o que desagrada ao presidente.

A apuração sobre fake news, aberta pelo próprio STF, envolve a suspeita de que filhos de Bolsonaro, entre eles o vereador Carlos (Republicanos-RJ) e o deputado Eduardo (PSL-SP), estejam por trás de um gabinete do ódio supostamente mantido pelo Planalto para atacar desafetos.

Essa hipótese também foi levantada em CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) sobre o caso no Congresso. A investigação sobre os atos antidemocráticos, proibidos pela Constituição e a Lei de Segurança Nacional, foi aberta a pedido do procurador-geral da República, Augusto Aras. Ela mira empresários e ao menos dois deputados bolsonaristas por, possivelmente, terem organizado e financiado os eventos. Os nomes são mantidos em sigilo.

Um dos primeiros incômodos do presidente com a PF na gestão Moro se deu no início do mandato, com a instauração de inquérito contra o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio (PSL-MG), para apurar esquema de candidaturas laranjas em Minas Gerais, caso revelado pelo jornal Folha de S.Paulo. Em outubro, o ministro foi denunciado à Justiça.

Apesar do constrangimento, o presidente manteve o aliado no cargo. Em mais de uma oportunidade, demonstrou irritação com as conclusões sobre o caso.

Ainda em outubro, ele disse que o responsável pela investigação na PF "agiu de má-fé", que houve "exagero" no inquérito e que a intenção não foi atingir o ministro, mas o presidente da República.

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