sexta-feira, 8 de novembro de 2019

Governo faz novas mudanças na Polícia Civil de Tocantins e transfere delegados que investigavam casos de corrupção


               O Governo do Tocantins decidiu fazer novas mudanças na estrutura da Polícia Civil, que passa por intervenções desde o começo do ano. Entre as alterações, está a transferência de todos os delegados que cuidavam de investigações sobre casos de corrupção envolvendo autoridades do Executivo e do Legislativo. A medida foi publicada na madrugada desta quinta-feira (7) no Diário Oficial do Estado.

Estão na lista nomes como o de Guilherme Rocha, responsável pela Operação Catarse, sobre funcionários fantasmas do governo e Bruno Boaventura, que comandava a regional de Araguaína durante a abertura da investigação sobre o escândalo do lixo hospitalar e passou pela segunda transferência.

Rocha irá para a 5ª Delegacia de Polícia em Taquaralto, no sul de Palmas e Boaventura para a 28ª DP em Araguaína. As duas são unidades que prestam atendimento de plantão e registram crimes comuns, sem especialização.

O ex-diretor da Divisão de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado, Evaldo Gomes, que já tinha sido exonerado no começo da semana, foi enviado para a Diretoria de Polícia da Capital. Ele foi removido do cargo no mesmo dia em que a Polícia Civil realizou a segunda fase da operação que investiga desvios em obras de pavimentação do Governo Estadual.

O Sindicato que representa os delegados repudiou a decisão e afirmou que se trata de uma "forma de perseguir e frear aqueles que investigavam ou estavam relacionados ao combate à corrupção envolvendo o Governo e parlamentares". Disse ainda que vai tomar medidas para que a decisão seja revertida e que a atitude prejudica investigações. 

O Governo do Tocantins disse que a redistribuição tem como parâmetro critérios objetivos estabelecidos no seu Regimento Interno. Afirmou ainda que a indicação de pessoas para ocupar cargos de confiança é uma prerrogativa da administração pública e que a atual gestão está preocupada em fortalecer institucionalmente os mecanismos de controle e de combate à corrupção. 

O episódio é o mais recente de uma série de polêmicas envolvendo a Secretaria de Segurança Pública desde o início do ano. Os conflitos começaram com a publicação de um manual que proibia delegados de fazer críticas ao governo ou de divulgar nomes de suspeitos de crimes. Após isso, a delegacia especializada no combate a corrupção foi extinta e substituída por uma diretoria comandada por indicação direta do governador Mauro Carlesse (DEM).

As mudanças levaram a comissão de Segurança Pública da Câmara dos Deputados a convidar Carlesse e o secretário da pasta, Cristiano Sampaio, para dar explicações, mas o governador não compareceu. Sampaio esteve no evento sozinho e negou tentativas de intervenção em investigações.

A série de conflitos fez com que a Promotoria de Justiça de Alvorada pedisse a abertura de uma investigação contra o secretário-chefe da Casa Civil, Rolf Costa Vidal, e o secretário da Segurança Pública, Cristiano Barbosa Sampaio, por suspeita de terem embaraçado investigação criminal em andamento e atentado contra a moralidade pública. O pedido ainda não foi analisado.

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