Após
a publicação de reportagem da Folha de S.Paulo neste domingo (18) que mostrou
que a equipe da Lava Jato driblou a lei para ter acesso a dados da Receita, o
procurador Deltan Dallagnol afirmou que a cooperação entre o Ministério Público
Federal e o Fisco sempre foi amparada na lei. A
defesa do ex-presidente Lula também reagiu à revelação da reportagem e afirmou
que ela reforça que o petista "foi vítima de uma conspiração e de atos
ilícitos".
A
reportagem da Folha mostrou conversas no aplicativo Telegram, obtidas pelo site
The Intercept Brasil, em que procuradores da Lava Jato buscam informações da
Receita sem requisição formal e sem que a Justiça tivesse autorizado a quebra
do sigilo das pessoas que queriam investigar. Uma das conversas mostradas era
entre Deltan e o auditor Roberto Leonel, que atualmente dirige o Coaf (Conselho
de Controle de Atividades Financeiras).
Em
uma mensagem, de 2016, Deltan sugere que colegas peçam para Leonel "dar
uma olhada informal" no Imposto de Renda do caseiro de um sítio
frequentado por Lula.
Em
uma rede social, neste domingo, o procurador, que coordena a força-tarefa da
Lava Jato em Curitiba, disse que se tratam de "mais acusações falsas
contra a Lava Jato".
Nota
assinada pelos advogados Cristiano Zanin Martins e Valeska Martins, que
defendem o ex-presidente Lula, afirma que o fato de os procuradores conversarem
sobre consulta a dados do Imposto de Renda do caseiro em data anterior à quebra
de sigilo autorizada pela Justiça mostra que "autoridades agiam sem
qualquer apreço às garantias fundamentais, à margem do devido processo legal
orientadas por uma prática intimidatória e arbitrária visando a aniquilar o
direito de defesa".
A
quebra do sigilo do caseiro Élcio Vieira, conhecido como Maradona, só foi
autorizada pelo então juiz Sergio Moro em 22 de fevereiro de 2016. A conversa
sobre "olhada informal" nos dados ocorreu uma semana antes.
A
defesa disse na nota que a quebra de sigilo sem autorização configura crime e
que a situação pode configurar também abuso de autoridade.
"Antes de qualquer decisão judicial de quebra dos sigilos os procuradores da Lava Jato e ocupantes de elevados cargos da Receita Federal acessavam informal e permanentemente informações e dados protegidos pelo sigilo constitucional e legal contra alvos previamente eleitos e todas as pessoas a ele relacionadas", escreveram os dois advogados.
Para a defesa, o caso reitera a necessidade de anulação dos processos relativos ao ex-presidente. Ele cumpre pena por corrupção e lavagem na ação penal sobre o tríplex de Guarujá (SP) e foi também condenado em primeira instância no processo sobre o sítio de Atibaia (SP).
"Antes de qualquer decisão judicial de quebra dos sigilos os procuradores da Lava Jato e ocupantes de elevados cargos da Receita Federal acessavam informal e permanentemente informações e dados protegidos pelo sigilo constitucional e legal contra alvos previamente eleitos e todas as pessoas a ele relacionadas", escreveram os dois advogados.
Para a defesa, o caso reitera a necessidade de anulação dos processos relativos ao ex-presidente. Ele cumpre pena por corrupção e lavagem na ação penal sobre o tríplex de Guarujá (SP) e foi também condenado em primeira instância no processo sobre o sítio de Atibaia (SP).
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