sexta-feira, 1 de agosto de 2025

Crônica – Arijaldo Carvalho: o mestre da palavra e da conexão

               Na manhã silenciosa desta quinta-feira (31), calou-se uma das vozes mais influentes da comunicação pernambucana. Arijaldo Carvalho nos deixou, depois de meses internado no Hospital da Unimed, no Recife. Mas, se o corpo repousa, o legado permanece em movimento — como a própria revista que ele criou, como as ondas de rádio que ele ampliou, como os laços que ele costurou entre marcas, meios e pessoas ao longo de quase cinco décadas.

Arijaldo era desses raros personagens que não precisavam se impor para serem lembrados. Bastava chegar — e ele chegava sorrindo. Em Arcoverde, nos tempos do governo Rosa, quando a comunicação ainda tateava entre jornais impressos e o barulho das conexões discadas da internet, ele já vislumbrava um mundo diferente: mais próximo, mais plural, mais criativo. Sabia onde tocar para transformar uma ideia simples em algo potente, vendável, vivo.

Foram 19 anos à frente da Rádio Jornal Caruaru, onde expandiu não só o alcance da emissora, mas também a forma de se fazer rádio no Agreste. Mas seu currículo ia muito além: 23 anos no Diário Associados, três na Rede Som Zoom Sat, além da criação da Revista Movimento, um divisor de águas na maneira de se comunicar regionalmente. Arijaldo era ponte entre o tradicional e o moderno, entre a publicidade e o jornalismo, entre o cliente e o público — e fazia isso com uma leveza que só os bons de alma conseguem carregar.

Tinha o dom da lábia sem ser arrogante. Convencia com elegância. Vendedor nato, comunicador de alma, estrategista de mercado, era apaixonado pelas entrelinhas da comunicação. Sabia que, no fim, a grande estrela não era o político, nem o veículo, nem a empresa. Era o eleitor. Era o cliente. Era o povo.

Em tempos de efemeridades gritadas em likes e métricas de engajamento, Arijaldo era um mestre de outro tempo — e por isso mesmo, tão necessário ao nosso. Um tempo em que ouvir, entender e traduzir desejos em mensagens era arte. Um tempo em que comunicação se fazia com suor, com afeto, com visão.

Fiz parte dessa história. E por isso escrevo não apenas com as mãos, mas com a gratidão de quem testemunhou o talento e a generosidade de um verdadeiro ícone. Vá com Deus, Arijaldo. A comunicação perdeu um gigante, mas seu talento continuará ecoando onde houver alguém disposto a ouvir, criar e transformar.

Porque, no fundo, comunicar é isso: deixar marcas que o tempo não apaga. E você, meu amigo, deixou as suas em cada canto de Pernambuco.

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