quinta-feira, 14 de março de 2019

Governador do Rio afasta delegado do caso Marielle alegando "cansaço"

          A segunda fase das investigações do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes terá um novo comando na Polícia Civil do Rio de Janeiro. Acredite se quiser, mas segundo o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, a troca será pelo “cansaço” do delegado Giniton Lages, responsável por apontar o policial militar da reserva Ronnie Lessa e o ex-PM Elcio Vieira de Queiroz como autores do crime ocorrido em 14 de março de 2018. Ao citar as ligações da família Bolsonaro com um dos acusados pela morte da vereadora, o delegado teria se tornado persona non grata.

Witzel nega que Lages esteja sendo afastado por alguma insatisfação com relação às investigações e explicou que as apurações que duraram um ano até chegarem nos autores desgastaram o delegado, que sairá em férias. Posteriormente, poderá realizar um intercâmbio entre a corporação e a polícia da Itália, com o objetivo de aprender procedimentos adotados contra a máfia local e adaptá-los à realidade carioca.

“Estamos com vários intercâmbios para fazer. Como ele [Giniton] está com a experiência adquirida e nós estamos com o intercâmbio com a Itália exatamente para estudar a máfia, os movimentos criminosos, ele vai fazer essa troca de experiência com a polícia italiana. Ontem (terça-feira, 12 de março) fiz o convite a ele, se ele poderia ser esse elemento de ligação”, explicou o governador.

Fontes ligadas à DH (Divisão de Homicídios) da Polícia Civil do RJ, liderada por Lages, confirmam à Ponte que ele aceitou o convite feito pelo governo. Extraoficialmente, pessoas ligadas à Polícia Civil do Rio de Janeiro apontam que a saída é para promover a efetiva troca geral de comandos dentro das divisões da corporação, o que não foi possível na DH em meio às investigações do Caso Marielle.

Já informações do jornal O Dia creditam a saída de Giniton da delegacia por uma insatisfação de seus superiores dentro da Polícia Civil. O entendimento é de que Lages não repassou informações dos processos de apuração feitos sobre a execução de Marielle e Anderson, como uma reconstituição ocorrida em 26 de fevereiro. Daniel Rosa, atualmente na DH da Baixada Fluminense, ocupará a vaga, ainda segundo O Dia.

O delegado esteve na DH durante a manhã desta quarta-feira, um dia antes do crime completar um ano. Ele não prestou esclarecimentos para a imprensa nem sobre o convite feito por Witzel, nem sobre a suposta insatisfação de seus superiores.

Integrantes do PSOL criticam o apontamento tanto da Polícia Civil quanto do MP de que a ação teria sido motivada por “ódio”, conforme dito em entrevista coletiva nesta terça-feira, à figura de Marielle Franco. Membros do próprio MP questionam a tese do crime de ódio, afirmando que seria muito “amadorismo”um matador profissional agir com raiva.

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