O relatório da Polícia
Federal (PF) do inquérito traz seis pontos principais sobre a apuração da
trama golpista para evitar a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), tendo
como foco principal a liderança do ex-presidente Jair Bolsonaro em toda trama.
O conteúdo total da
investigação ficou público na terça-feira (26) após o ministro do Supremo
Tribunal Federal Alexandre Moraes enviar apuração com 884 páginas para a
Procuradoria-Geral da República (PGR). Ao todo, 37 pessoas foram indiciadas.
Entre os seis pontos destacados,
o primeiro colocar Bolsonaro na ponta do plano de golpe de estado. A PF apontou
que o ex-presidente "planejou, atuou e teve domínio de forma direta e
efetiva" de um plano de golpe de Estado para mantê-lo no poder no fim de
2022. Segundo a PF, os "atos executórios" realizados por um grupo
"liderado" por Bolsonaro tinham o objetivo de abolir o Estado
democrático de direito — "fato que não se consumou em razão de
circunstâncias alheias à vontade de Bolsonaro", segundo relatório.
"Os elementos de prova
obtidos ao longo da investigação demonstram de forma inequívoca que o então
presidente da República, Jair Messias Bolsonaro, planejou, atuou e teve o
domínio de forma direta e efetiva dos atos executórios realizados pela
organização criminosa que objetivava a concretização de um Golpe de Estado e da
Abolição do Estado Democrático de Direito", diz o relatório, cujo sigilo
foi retirado hoje.
Morte de Moraes
O plano para matar o
ministro no dia 15 de dezembro de 2022 foi cancelado após a cúpula do Exército
se negar a aderir à tentativa de golpe.
“Apesar de todas as pressões
realizadas, o general Freire Gomes e a maioria do alto comando do Exército
mantiveram a posição institucional, não aderindo ao golpe de Estado. Tal fato
não gerou confiança suficiente para o grupo criminoso avançar na consumação do
ato final e, por isso, o então presidente da República Jair Bolsonaro, apesar
de estar com o decreto pronto, não o assinou. Com isso, a ação clandestina para
prender/executar ministro Alexandre de Moraes foi abortada”, diz o relatório.
O Monitoramento de Lula, era
feito pelo "kids pretos", encarregados do plano que previa os
assassinatos de Moraes, do presidente Lula e do vice Geraldo Alckmin. Eles
monitoraram Lula, então presidente eleito, por dois meses após as eleições de
outubro de 2022.
De acordo com a PF, o
monitoramento foi iniciado em meados de novembro de 2022, com equipes formadas
por militares das Forças Especiais (FE) do Exército que acompanhavam o
itinerário de Lula e do ministro Alexandre de Moraes, inclusive com o emprego
de recursos do Batalhão de Ações e Comando-BAC da Força.
Tanques da Marinha
Uma mensagem encaminhada
para o tenente-coronel Mauro Cid afirma que ex-comandante da Marinha Almir
Garnier Santos era "patriota" e tinha "tanques no arsenal
prontos". Para a Polícia Federal (PF), o diálogo reforça a adesão de
Garnier ao planejamento de um golpe de Estado.
A conversa foi encaminhada a Cid pelo tenente-coronel da reserva Sergio Cavaliere.
O relato sobre Garnier foi feito a Cavaliere por um contato cadastrado como
"Riva", que não foi identificado pela PF. "O Alte Garnier é
PATRIOTA. Tinham tanques no Arsenal prontos", escreveu ele. Agora a pouco,
em nota, a Marinha negou que houvesse “arsenal” preparado.
Fuga de Bolsonaro
O ex-presidente saiu do
Brasil rumo aos Estados Unidos em dezembro de 2022 para evitar uma eventual
prisão, segundo a Polícia Federal. A investigação encontrou no computador do
tenente-coronel um plano de fuga criado em 2021 e que, segundo a corporação,
foi colocado em prática no fim de 2022.
“Apesar de não empregado no
ano de 2021, o plano de fuga foi adaptado e utilizado no final do ano de 2022,
quando a organização criminosa não obteve êxito na consumação do golpe de
Estado. Conforme será descrito nos próximos tópicos, Jair Bolsonaro, após não conseguir
o apoio das Forças Armadas para consumar a ruptura institucional, saiu do país
para evitar uma possível prisão e aguardar o desfecho dos atos golpistas do dia
08 de janeiro de 2023 ( “festa da Selma”)”, escreveu a PF.
Urnas levadas para perícia
Um diálogo entre Carlos
Rocha, do Instituto Voto Legal (IVL), que foi um dos 37 indiciados pela PF, e
Éder Balbino, que prestava serviços para o instituto, mostra a intenção de
apreender as urnas após as eleições.
No dia 19 de novembro de 2022, Carlos Rocha diz: “Há um plano para apreensão de
urnas para perícia forense. A regra de construção é selecionar urnas de todos
os modelos com erros relevantes (System run error, Alsa Player, outros), em
todas as UFs. Vamos montar uma lista com até 100 urnas”. Da Agência Globo
CURTA NOSSA FANPAGE E PERFIL
NO INSTAGRA
https://www.instagram.com/afolhadascidades
https://www.facebook.com/afolhadascidades/