O deputado Luciano Duque
(SD) convocou a imprensa nesta sexta-feira (22) para anunciar, oficialmente, o
rompimento com a prefeita de Serra Talhada, Márcia Conrado. O evento contou com
as presenças dos vereadores Vandinho da Saúde e Ronaldo de Deja, além de
aliados fieis e correligionários.
Por mais de 1 hora, o
deputado elencou vários motivos para o rompimento, mas ao ser questionado se
sairia candidato a prefeito, no ano que vem, reforçou que ‘2024 só discuto em
2024’. Apesar do mistério, Luciano Duque deixou abrir as cicatrizes que foram
criadas durante estes três anos da gestão petista, que segundo ele, começou com
a perseguição de pessoas que eram ligadas a ele, e que na sua opinião, Márcia
nunca aceitou o alinhamento, porque não sabe lidar de maneira democrática.
“Estou com o coração
partido, porque toda separação é traumática. Sempre respeitei e nunca usei o
chicote, porque não vivemos mais numa ditadura”, disparou o deputado. Leia
carta aberta na íntegra.
Tenho uma história marcada
por muitas lutas, desafios e conquistas, nunca disputei o poder simplesmente
pelo poder. Da mesma forma, não tomo decisões por conveniência ou facilidades.
Muito pelo contrário, em diversos momentos dos meus mais de 40 anos de vida
pública escolhi caminhos árduos e repletos de obstáculos, inspirado no meu pai
João Duque, um exemplo de cidadão e que nunca se afastou da sua vocação que é
servir e ajudar as pessoas.
Na política, sempre agi com
correção e cumprindo acordos e compromissos, buscando contribuir com os grupos
e movimentos nos quais me inseri. Nunca fui de ficar em cima do muro, no
conforto de não ter que escolher um lado e, por ventura, perder algum benefício
que poderia ter.
Fui vice-prefeito pela força
e pela vontade do povo que me fez ter estatura para ocupar aquela função, e
tenho plena convicção que honrei o cargo que me foi confiado. A maior prova
disso é que esse mesmo povo me escolheu para governar o destino da nossa amada
Serra Talhada, e assim o fiz, respeitando as diferenças, a democracia e todas
as lideranças políticas.
Enquanto prefeito, governei
para todos e transformei a realidade do nosso município. Serra Talhada se
tornou uma cidade em desenvolvimento com a atração de grandes investimentos e a
geração de emprego e renda para os serra-talhadenses.
Mas não foi uma tarefa fácil
governar nossa terra. Essa missão exigiu de mim e da minha equipe muito
desprendimento, ousadia e amor. E se não bastasse a dificuldade de gerir um
município da magnitude do nosso, ainda tivemos que enfrentar poderosas forças
políticas que fizeram de tudo para nos desestabilizar, mas não conseguiram.
Ao longo dos nossos mandatos
fomos oposição ao governo do estado e, boa parte, do governo federal. Mas
sempre tivemos capacidade de enfrentar crises e buscar parcerias e ações que
desenvolvessem o município e melhorassem a vida do nosso povo. Isso nunca nos
desanimou.
Concluímos um mandato
exitoso que em oito anos transformou Serra Talhada; construímos equipamentos
públicos que mudaram a vida das pessoas; revolucionamos a educação; elevamos a
saúde a uma das melhores de Pernambuco; dotamos o município de uma boa
infraestrutura; fizemos dois concursos públicos; não esquecemos da Zona Rural;
demos orgulho ao nosso povo.
Tudo aquilo que fizemos nos
deu a condição de apresentar um nome ao nosso povo que pudesse dar continuidade
ao trabalho realizado por todo um grupo. E graças a força que acumulamos, fruto
desse trabalho, conseguimos eleger a primeira mulher com uma grande votação.
Mas, o poder, muitas vezes,
muda as pessoas. E desde o início da atual gestão, buscamos aconselhar,
sugerir, conversar com as pessoas, para mostrar que algumas coisas poderiam ser
feitas de uma forma diferente. No entanto, o que percebemos é que um movimento
interno do governo, liderado por pessoas que apostavam no nosso fracasso,
começou a nos atacar e tentar apagar o nosso legado.
É de conhecimento público
que deixamos a casa arrumada, sem folha de pagamento em atraso, com recursos em
contas e diversos projetos engatilhados. Sempre fazendo questão de revelar e
reconhecer o empenho daqueles que trouxeram recursos para Serra Talhada.
Acontece que tudo que fizemos ou deixamos em andamento, começou a ser realizado
como se não fosse ação do nosso governo. Tentaram cancelar meu CPF. Fomos
boicotados. Novamente, não conseguiram. O povo sabe quem fez e conhece a nossa
história, e sabe reconhecer de longe onde há ingratidão.
E a resposta do povo veio
nas urnas mais uma vez. Fui o deputado mais votado da história de Serra
Talhada, e sou grato a todos que me ajudaram. Vereadores, lideranças, pessoas
do governo, amigos, familiares e especialmente a nossa gente. E não pensem que
foi fácil. Mais uma vez, movimentos orquestrados dentro do governo me
perseguiram e perseguiram pessoas ligadas a mim. Mas a vontade do povo foi
soberana. Fizemos uma campanha modesta, mas cheia de esperança, e com a
contribuição de muitas pessoas, vencemos.
E é justamente por não ser
ingrato e nem traidor que me dirijo ao povo da minha terra. A gratidão vem
associada à solidariedade, e eu não poderia mais aceitar que as pessoas que me
ajudam, que estão próximas a mim, fossem perseguidas e expulsas do grupo que
elas também ajudaram a construir.
Logo após as eleições,
demostrada a minha força política, a atual prefeita começou a fazer uma série
de demissões de pessoas que me deram as mãos. E os gestos da atual gestora
foram a mais profunda demonstração que ela não tolera quem esteja ao meu lado,
mesmo essas pessoas sendo leais a ela.
Marta, Cristiano e Anildomá,
para citar alguns exemplos, têm o meu mais profundo respeito e a minha
gratidão. No bom e no ruim estiveram comigo, como muitos outros. E, assim,
quero estar com eles da mesma forma, entre outros que sequer tiveram uma
oportunidade, porque gratidão e lealdade, infelizmente, não são para todo
mundo, mas nós temos e o povo sabe disso.
Por fim, veio mais uma
traição da atual prefeita, ao expulsar o vereador Ronaldo de Dja do grupo
político, que ele é um dos construtores. E para a nossa tristeza, a gestora
tomou essa atitude porque o vereador está “muito alinhado a gente”, como foi
dito pelo seu secretário de comunicação recentemente em uma rádio local. Depois
desse episódio, eu não poderia ficar calado.
Tentei por várias vezes
ajudar, conversar e ser ouvido, mas fui ignorado. As lideranças próximas a mim
foram perseguidas e, muitas delas, constrangidas e humilhadas, numa clara
posição de quem não nos queria mais sendo parte do grupo da atual gestão.
Fica claro pelas atitudes
tomadas pela atual prefeita e seu núcleo político, que eu e aqueles que me têm
respeito e reconhecem o meu trabalho, não somos bem quistos no projeto que ela
representa, por isso meu afastamento dela se tornou imperativo. Afinal, não
podemos conviver com quem não nos quer.
Associado a tudo isso,
também venho percebendo uma insatisfação crescente da população com a falta de
cuidado e atenção da atual gestora. Vocês não têm ideia da quantidade de
reclamações que recebo todos dias e os relatos dramáticos de gente sofrida.
Vemos hoje a prefeita
dominada por aqueles que foram seus reais opositores, que a chamaram de poste.
Pessoas que nunca construíram nada no grupo político dando as cartas em
detrimento daqueles que contribuíram para ela chegar onde chegou. Eu sei do
sentimento de decepção dessas pessoas e todas podem contar comigo.
O meu lado sempre foi o lado
do povo e a minha voz será a voz dos esquecidos, dos invisíveis, dos
insatisfeitos e dos que estão sofrendo com o abandono da nossa cidade e com a
destruição do legado que deixamos.
Não posso assistir nossa
cidade retroceder depois de vários anos no caminho do desenvolvimento e decair
na entrega de serviços. Às vezes penso que a condutora parece ter engatado a
marcha à ré ou que a pilota sumiu.
A partir de hoje, irei
reunir aqueles e aquelas que queiram caminhar conosco na construção de um
projeto que recoloque o nosso município nos trilhos, que devolva a esperança ao
nosso povo, que acabe com a perseguição e o medo, que tenha diálogo aberto e
franco com as lideranças políticas e que façam tudo isso POR AMOR A SERRA
TALHADA.
E assim faço um chamado para
daqui pra frente, juntos, com coragem, com esperança e com a certeza, que vamos
apresentar aos serra-talhadenses um projeto que seja a cara do nosso povo e que
melhore a vida de nossa gente.
Não guardo mágoas de ninguém
e estou aberto para dialogarmos com qualquer pessoa ou liderança política que
queira se juntar a nós nesse novo projeto, seja agora ou mais tarde.
Não desejamos o mal a “quem
quer que seja” e muito menos, desejamos que a nossa terra sofra mais por falta
de um governo atento aos anseios do povo. Vamos trabalhar de mãos dadas para
construirmos um futuro como já fizemos no passado.
Não tomo essa decisão por
projeto pessoal, até porque outros podem se apresentar nessa corrente de união,
mas porque escutei a voz das ruas e das redes e me coloco no lugar dos
perseguidos e dos desassistidos.
Com gratidão, lealdade, fé e
esperança, POR AMOR A SERRA TALHADA,
Luciano Duque
Deputado Estadual
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