A
Justiça da Paraíba determinou a prisão preventiva de duas pessoas pelo
assassinato do estudante de filosofia Clayton Tomaz de Souza, mais conhecido
como Alph, que é natural de Arcoverde. Os acusados são Selena Samara Gomes da
Silva, que teria um relacionamento amoroso com Alph, e Abraão Avelino da
Fonseca, que seria amigo da vítima. A informação é do G1PB que teve acesso
à decisão da juíza Andréa Carla Mendes Galdino na quarta-feira (13). Os dois
acusados estão foragidos.
O
corpo de Alph foi encontrado no dia 8 de fevereiro de 2020, em estado de
decomposição, com marcas de tiros, em uma mata às margens de uma estrada em
Gramame. De acordo com o IPC, a vítima sofreu disparos na cabeça.
A
defesa de Selena disse ao G1PB que a cliente é inocente e que
"no momento oportuno, durante a instrução processual, os fatos serão
esclarecidos". Já a defesa de Abraão informou que "no momento
não tem nada a declarar sobre o caso", e que só vai fazer isso no fim da
instrução processual.
De
acordo com a decisão, que saiu em junho, o pedido de prisão veio após análise
de provas periciais e depoimentos coletados. A motivação do crime, segundo os
autos, tem relação com o relacionamento amoroso, pois Selena Samara também se
relacionava com Abraão Avelino. O segundo acusado é suspeito de ter relação com
o tráfico de drogas. Os dois estariam desaparecidos e sendo procurados pela justiça. Nas redes sociais, estudantes da UFPB compartilham um card de "procurados" com as imagens dos dois.
Conforme
o processo, Selena e Abraão mataram Alph e em seguida descartaram o corpo na
estrada que dá acesso à praia de Gramame.
De
acordo com o delegado Alexandre Fernandes, que investigou o caso, depoimentos
apontaram que Alph foi visto pela última vez com os dois acusados. Ele informou
que o carro de Selena ficou desaparecido por um período e só apareceu 10 dias
após terem localizado o corpo.
O
veículo foi abandonado nas proximidades da casa da acusada e tinha sido lavado.
No entanto, a perícia encontrou vestígios de sangue no porta-malas.
Na
época do crime, estudantes da UFPB denunciaram o suposto desaparecimento de
Selena, dita por alguns como companheira de Alph. No entanto, o delegado
Alexandre Fernandes confirmou a ligação entre os estudantes, mas não que os
dois eram um casal. Já a família de Alph, negou que eles tivessem um
relacionamento.
Em
setembro, as defesas dos dois acusados tentaram derrubar o pedido de prisão
preventiva, mas a Justiça não atendeu nenhuma das solicitações. A juíza
inclusive marcou a audiência de instrução e julgamento para o dia 16 de
novembro.
Ao G1PB,
a mãe de Alph, Genoveva Tomaz de Sousa, informou que não tinha conhecimento da
decisão até então e preferiu não se posicionar sobre o caso. Ela não confirma a
relação amorosa entre Alph e Selena, nem a suposta amizade entre seu filho e o
outro suspeito do assassinato, Abraão.
O CASO
Natural
de Arcoverde, interior de Pernambuco, Clayton morava em João Pessoa desde 2014,
quando foi aprovado no curso de filosofia na Universidade Federal da Paraíba
(UFPB).
Estudante
ativo, integrou o Centro Acadêmico do curso por três anos, assim como o
Diretório Central dos Estudantes (DCE), o Conselho Superior Universitário
(Consuni) e a comissão da revisão estatutária da UFPB (Estatuinte) pelo CCHLA
(Centro de Ciências Humanas Letras e Artes).
Alph
era conhecido por sua essência de luta, que reivindicava a universidade como um
espaço público, popular e cultural, exigindo uma mudança na política de
segurança da UFPB. Com isso, ele começou a relatar perseguições, assim como
denunciá-las de várias formas.
As
denúncias começaram em 2016 e foram encaminhadas ao Ministério Público
Federal. No dossiê, foram relatadas violências físicas, psicológicas,
racistas, de gênero e sexualidade cometidas por parte de funcionários
terceirizados e servidores da UFPB contra alunos da universidade, incluindo
Alph.
O
jovem falava sobre perseguições constantes dentro da universidade e chegou
a publicar nas redes sociais denúncias sobre a equipe de segurança da
UFPB. Em uma das publicações, citou que estava sendo ameaçado por um dos
seguranças terceirizados da universidade. Do G1PB
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