O
funcionamento no segundo semestre das instituições públicas federais em
Pernambuco está ameaçado pelo corte de orçamento de 30% anunciado pelo
Ministério da Educação (MEC). Bolsas, atividades, projetos, ações de manutenção
e futuros investimentos podem ser suspensos por falta de verba, caso a redução
nos valores repassados às instituições não seja revista. Os cortes
referem-se a repasses do Tesouro com gastos discricionários, sem envolver
salários.
O
pró-reitor de Planejamento, Orçamento e Finanças da Universidade Federal de
Pernambuco (UFPE), Thiago Galvão, informou que a instituição não sofreu novos
bloqueios nesta sexta-feira (3). Nessa quinta-feira (2), a principal
universidade do estado e uma das bem conceituadas do país, teve R$ 55,8 milhões
bloqueados pelo governo federal.
Do total embargado, R$ 50 milhões são referentes ao orçamento de custeio da
instituição de ensino superior. O corte representa 30% do total anual voltado
para manutenção da universidade. Além do corte no orçamento de manutenção,
a UFPE sofreu um bloqueio de R$ 5,8 milhões do orçamento de investimento, usado
na aquisição de novos equipamentos, de aparelhos de ar-condicionado, compra de
computadores, construção de novos prédios, por exemplo.
Nesta
sexta, a Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) detalhou os cortes
impostos à instituição. Em comunicado oficial, a universidade informou que
"a medida dificultará o adequado cumprimento do planejamento das
atividades acadêmicas e administrativas, realizado por nossa instituição com
base nos recursos previstos na Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2019".
A
instituição ressaltou que tem realizado esforços significativos de gestão e
governança, a fim de minimizar os efeitos da limitação de recursos que afetam
as instituições federais de ensino superior há alguns anos. No entanto, a nova
medida, se mantida, comprometerá o funcionamento pleno da universidade.
De
acordo com a UFRPE, a universidade sofreu um bloqueio orçamentário de R$ 23,6
milhões, ou seja, 31,3% do orçamento discricionário. Esse bloqueio, contudo,
não ocorreu de forma linear, como segue: 1. Bloqueio de 30% para bolsas e
capacitação; 2. Bloqueio 37,04% do funcionamento da Universidade – energia
elétrica, água, segurança, limpeza e outros serviços terceirizados - ou seja,
redução de R$ 19,4 milhões; 3. Quanto ao orçamento de capital (investimentos),
houve um bloqueio de R$ 3,1 milhões, representando uma diminuição de 44%; Do
orçamento discricionário previsto para o Colégio Agrícola Dom Agostinho Ikas
(Codai) - R$ 2,6 milhões -, foram bloqueados R$ 622 mil, sendo esse bloqueio
exclusivamente no custeio.
Em
relação à nova Universidade Federal do Agreste (Ufape), houve um bloqueio de R$
3,7 milhões, o que representa 30% do orçamento que estava previsto. "Vale
salientar que essa redução também não ocorreu de maneira uniforme. O orçamento
de bolsas, capacitação e capital sofreu uma redução linear de 30%. Já o
orçamento de custeio foi suprimido em 31,9%, reduzindo o orçamento de R$ 9,25
milhões para R$ 6,2 milhões", pontuou a UFRPE, no comunicado.
A
universidade destacou ainda que "o bloqueio orçamentário foi realizado
quando já havia decorrido quatro meses de execução orçamentária, o que
representará um montante percentual bem maior no orçamento da UFRPE. Os cortes
podem resultar numa supressão de até 50% dos contratos realizados pela
instituição".
No
comunicado, a UFRPE enfatiza também que "garantir o funcionamento pleno
das universidades públicas federais é referendar o papel fundamental destas
instituições no ensino, na pesquisa, na extensão e na inovação. As
universidades públicas federais do Brasil estão nas primeiras colocações em
todos os indicadores de qualidade, divulgados por órgãos especializados.
Fortalecer a universidade pública, gratuita, de qualidade e inclusiva é
fundamental para o desenvolvimento do país e para a redução das desigualdades
sociais no Brasil".
O
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco (IFPE)
confirmou, nesta sexta, que também sofreu cortes no orçamento. De acordo com
dados do Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal
(Siafi), a instituição sofreu um corte de 30% no seu orçamento discricionário
previsto na Lei de Orçamentária Anual (LOA). Do DP