Por
conta da iminência de um vexame, o presidente já avisou que o assunto virou
“questão de honra” e fez chegar à Confederação Brasileira de Futebol (CBF) a
determinação de fazer com que a Seleção dispute o torneio com força total.
O
sinal de alerta soou no Planalto na última sexta-feira: em entrevista à Rede
Globo, após o jogo contra o Equador, pelas eliminatórias da Copa de 2022, o
capitão da seleção, o volante Casimiro, afirmou que haveria uma posição pública
do elenco na próxima terça-feira, mas que o posicionamento “é claro”. Isso
sinalizaria a contrariedade pela realização da Copa América no país. “Não sou
eu, não são os jogadores da Europa. Quando fala alguém, falam todos os
jogadores, com o Tite, com a comissão técnica. Tem que ser unânime, todos
juntos”, disse.
Desde
que anunciou a vinda do torneio para o país, apesar dos 472.531 mortos pela
covid-19 — segundo os dados de ontem, levantados pelo Conselho Nacional de
Secretários de Saúde (Conass) —, Bolsonaro vem sendo duramente criticado. Mas
manteve a decisão e a anunciou ao lado do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga.
A
preocupação fica clara quando se observa a reação dos bolsonaristas nas redes
sociais. “Fora Tite” ficou entre os assuntos mais comentados no Twitter. Também
começaram a atrelar o técnico ao PT, colocando fotos do tempo em que treinou o
Corinthians, ao lado de Luiz Inácio Lula da Silva — que é corintiano —, para
construir a narrativa de que a possível decisão da Seleção seria política e
para atingir Bolsonaro.
A
seleção brasileira tem, na sua história, pelo menos dois episódios de
interferência que passaram pelo Palácio do Planalto. No time do tricampeonato
de 1970, o presidente Emílio Médici queria de todo jeito que o atacante Dario
fosse convocado — algo que só conseguiu depois que João Saldanha foi dispensado
do cargo de técnico e Zagallo assumiu o comando da equipe. Já na seleção que
foi à Copa da Argentina, em 1978, o capitão do Exército Cláudio Coutinho
substituiu o gaúcho Osvaldo Brandão — e cunhou a frase de que o Brasil foi
“campeão moral”, pois retornou invicto, mas com o 3º lugar.
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