Os
invasores se declararam apoiadores de Bolsonaro e ficaram furiosos após o
profissional fazer questionamentos sobre a política sanitária do presidente na
pandemia do novo coronavírus. Nesta quarta-feira (7), comemora-se o Dia do
Jornalista.
O
alvo dos invasores foi o radialista Júnior Albuquerque, da Rádio Comunidade.
“Há algumas semanas, entrou em pauta as quase 300 mil mortes por covid-19 no
Brasil (na época ainda não havíamos superado esta triste marca) e eu fiz um
comentário opinativo, onde expus que no meu ponto de vista, Hitler não era o
único culpado do genocídio que aconteceu na Alemanha, pois quem o apoiou e quem
se calou também teve sua parcela de culpa. Assim como no Brasil, em relação à
covid-19, os eleitores de Bolsonaro que concordam com a política sanitária que
ele vinha fazendo, também iam ter culpa e a história ia dizer isso”, explicou,
ao Jornal do Commercio, o profissional, que trabalha há 10 anos na área.
Após
o comentário, Júnior passou a receber ameaças. No último dia 30, o radialista
voltou ao assunto e disse, ao vivo, que gostaria de conversar com apoiadores do
presidente Bolsonaro. “Eu disse que queria que esse pessoal fosse até a rádio
para a gente debater e eles me explicarem o motivo de tanta raiva e também me
mostrarem o que foi que o presidente deles fez de bom”, lembrou.
Mesmo
convidados para participar de um debate civilizado e pacífico, os apoiadores
que estiveram na emissora nessa terça-feira preferiram adotar uma postura
ameaçadora e agressiva. “Quando foi ontem eles invadiram o estúdio da rádio e
me ameaçaram”, afirmou Júnior. A identidade dos agressores ainda não foi
revelada.
De
acordo com o profissional, os invasores só não bateram nele porque outros
radialistas da emissora estavam no local. Júnior já prestou queixa na Polícia
Civil e disse que vai procurar o Ministério Público de Pernambuco para
registrar a ameaça. O Jornal do Commercio está em contato com o Sindicato dos
Jornalistas de Pernambuco (Sinjope) e com a Federação Nacional dos Jornalistas
(Fenaj) e aguarda posicionamento das entidades sobre este caso.
A
Associação das Empresas de Rádio e Televisão de Pernambuco (Asserpe) emitiu uma
nota condenando o episódio. Leia abaixo a íntegra.
A
Asserpe condena o episódio de invasão de um estúdio de rádio na cidade de Santa
Cruz do Capibaribe, ocorrido nesta terça (6).
A
Rádio Comunidade tinha programa apresentado pelo radialista Júnior Albuquerque.
Segundo relatos, ele cobrava maior atuação do Governo Federal na pandemia e foi
surpreendido por simpatizantes do presidente Jair Bolsonaro que invadiram os
estúdios, o intimidaram e o ameaçaram.
O
fato de tratar-se de emissora comunitária não associada não muda a posição de
nossa entidade, por tratar-se de ameaça à liberdade de imprensa, a qual
defendemos de forma altiva. Também porque abre um perigoso precedente que
ameaça todos os veículos, inclusive comerciais.
A
Asserpe espera resposta a altura em virtude da gravidade do incidente pelas
autoridades que investigam o caso.
A
Asserpe defende de forma intransigente a liberdade de imprensa conquistada
pelos veículos de comunicação e condena todo ataque à esse direito fundamental,
inclusive no papel de cobrar os governos em todas as esferas em nome da
sociedade.
Por fim, se solidariza com o radialista Júnior Albuquerque e à Rádio Comunidade, esperando que fatos como esses não se repitam. Do Nill Junior
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