Duas
semanas após a deflagração da operação da Polícia Federal que chegou ao Palácio
das Laranjeiras, a Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro) votou a
favor da abertura de um processo de impeachment contra o governador Wilson
Witzel (PSC).
A
sessão teve início às 15h15 e, pouco mais de uma hora depois, a maioria dos
deputados já havia se posicionado favoravelmente. Normalmente, a abertura do
processo é uma decisão que cabe apenas ao presidente da Casa -atualmente, o
deputado estadual André Ceciliano (PT). Apesar disso, ele realizou uma espécie
de votação simbólica no plenário para determinar o prosseguimento. Até esta
quarta-feira (10), havia 14 pedidos de impeachment na mesa diretora da Alerj.
"Eu
poderia monocraticamente aceitar um dos pedidos, mas quero tomar essa decisão
com vossas excelências", afirmou Ceciliano no início da sessão.
Com
a abertura do processo e a publicação em Diário Oficial, os partidos terão 48
horas para indicar representantes de uma comissão especial que analisará a
admissibilidade da denúncia. Witzel será notificado para apresentar defesa no
prazo de dez sessões. Depois que a comissão emitir seu parecer, uma votação
nominal será aberta para que os deputados decidam a favor ou contra o
recebimento da denúncia.
Se a maioria for favorável, Witzel será temporariamente afastado. Em seguida, será formado um tribunal misto de julgamento, com parlamentares da Alerj e desembargadores do Tribunal de Justiça. Eles serão responsáveis por votar a favor ou contra o afastamento definitivo do governador.
Se a maioria for favorável, Witzel será temporariamente afastado. Em seguida, será formado um tribunal misto de julgamento, com parlamentares da Alerj e desembargadores do Tribunal de Justiça. Eles serão responsáveis por votar a favor ou contra o afastamento definitivo do governador.
A
relação de Witzel com a Assembleia vinha sofrendo episódios de desgaste desde o
início do ano. Diante das acusações de corrupção envolvendo contratos da saúde,
a pressão sobre o governador aumentou. Segundo o Ministério Público Federal, há
indícios de participação ativa de Witzel quanto ao conhecimento e ao comando
das contratações suspeitas.
Dois
dias após a operação da PF, ao fim do mês passado, Witzel fez um movimento que
piorou ainda mais sua relação com a Assembleia.
Na
ocasião, ele exonerou dois desafetos do seu então secretário de Desenvolvimento
Econômico e braço direito, Lucas Tristão, inflando seu poder. Tristão, que
também foi alvo da operação, mantinha péssima relação com a Casa.
O
movimento levou o deputado Márcio Pacheco (PSC) a entregar o cargo de líder do
governo na Alerj. Acuado, Witzel optou pela demissão de Tristão poucos dias
depois.
Informações
de bastidores dão conta de que Witzel se sente ameaçado por Tristão, seu
ex-aluno, que foi um dos articuladores de sua campanha e que teria vasto
conhecimento sobre as práticas do governo. Tristão mantém um relacionamento
próximo com o empresário Mário Peixoto, que também é alvo das investigações.
Peixoto foi preso no dia 14 de maio pela Operação Favorito, da PF, que mirou
desvios em contratos da saúde envolvendo organizações sociais.
Teria sido Tristão quem levou a cabo a assinatura do contrato de R$ 540 mil entre o escritório de advocacia da primeira-dama, Helena Witzel, e uma empresa de Peixoto.
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