terça-feira, 11 de fevereiro de 2020

Voz que liberou entrada de acusado em condomínio não é de porteiro que citou Bolsonaro

              A voz que autorizou a entrada do ex-PM Élcio de Queiroz no condomínio Vivendas da Barra, no Rio de Janeiro, horas antes do assassinato de Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes, não é do porteiro que citou o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na investigação, mas de outro funcionário. A conclusão consta em laudo da Polícia Civil obtido pelo jornal O Globo.

Segundo reportagem publicada nesta terça (11) pelo veículo carioca, o documento assinado por seis peritos atesta ainda que o que o responsável pela liberação foi Ronie Lessa. A gravação, garantem os investigadores, é legítima, ou seja: não sofreu edição. Tanto Élcio quanto Lessa estão presos sob a acusação de terem participado do homicídio de Marielle. 

Um dos porteiros do condomínio chegou a dizer, em depoimento prestado no ano passado, que a entrada de Élcio havia sido permitida pelo então deputado federal Bolsonaro. O político, no entanto, estava em Brasília naquele dia. 

De acordo com O Globo, quatro porteiros estavam de plantão no dia da gravação - incluindo aquele que citou o presidente. As vozes dos quatro funcionários foram comparadas com o áudio analisado pela perícia do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE).

Exames acústicos e biométricos constataram, em primeiro lugar, que o porteiro que atendeu Élcio não foi o mesmo que mencionou o presidente. Outra conclusão é de que o morador que liberou a visita foi Ronie Lessa. 

"A gravação possui características convergentes com a fala padrão coletada pelo porteiro Z, mais do que qualquer dos outros porteiros analisados", descrevem os peritos no laudo, embora reconheçam "limitações na quantidade de material examinado". 

O Ministério Público do Rio de Janeiro já havia levantado a tese de que o aval para a entrada de Élcio no Vivendas da Barra partiu de Lessa. O porteiro que mencionou Bolsonaro inclusive recuou e disse ter lançado errado a entrada do ex-PM no condomínio.  O laudo da Polícia Civil reforça o argumento de que o porteiro agiu a mando de terceiros.

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