Enquanto
as refinarias brasileiras operam abaixo de sua capacidade máxima, a importação
do diesel bate recordes históricos, assim como a participação
dos Estados Unidos nesse mercado. E, na semana passada, às pressas,
para debelar a greve dos caminhoneiros, o governo Temer editou um decreto
criando subsídios que devem estimular ainda mais o setor.
Os
três primeiros meses de 2018 registraram a maior importação de diesel no
primeiro trimestre em toda a série histórica, segundo análise da Pública com
base nas estatísticas do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços.
Aliás, na comparação geral, o último trimestre só fica atrás do penúltimo,
entre outubro e dezembro de 2017.
No
ano passado, a importação de diesel chegou à marca inédita de 11 milhões de
toneladas. Os Estados Unidos também viram aumentar sua fatia nesse mercado. As
importações do óleo norte-americano ganham força desde o início da década, mas
no início de 2016 houve um salto considerável e hoje os EUA se consolidaram
como o principal exportador do combustível mais utilizado do Brasil. No ano
passado, 80% do diesel importado veio de lá.
Mesmo
autossuficiente na produção do petróleo bruto, o enfraquecimento das refinarias
nacionais e o estímulo à importação tendem a tornar o Brasil mais dependente de
outros países e de flutuações no preço internacional.
Em
fins de maio, com a Medida Provisória (MP) 838, o Ministério da Fazenda
direcionou R$ 9,5 bilhões para garantir a venda de diesel mais barato às
distribuidoras, favorecendo não só produtores nacionais, como importadores que
respondem hoje por 25% do mercado nacional. A MP, prevista para vigorar até o
final do ano, foi regulamentada na sexta-feira passada por decreto.
A
Fazenda estima que as importadoras tendem a receber cerca de R$ 2,3 bi em
subvenções, caso a proporção de consumo se mantenha e todas as empresas se
habilitem a receber o apoio. Mas o valor efetivo será determinado pelo volume
de vendas futuro entre importação e produção nacional. Não foi definido um
limite máximo de subvenção às importadoras.
“As
importadoras estão tomando o mercado da Petrobras. A atual política de preços
nos faz exportar petróleo cru pela própria empresa, enquanto os concorrentes
importam derivados. A empresa está operando com apenas 72% da capacidade de
refino”, critica Felipe Coutinho, presidente da Associação dos Engenheiros da
Petrobras.
Com
o crescimento nos últimos anos, os Estados Unidos deixaram para trás outros
países que competiam na venda de diesel para o Brasil, como a Índia. Em 2005,
por exemplo, 60% do diesel importado vinha de empresas indianas. Em 2017, o
mesmo índice não chega a 0,7%.
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