terça-feira, 21 de janeiro de 2020

Grupo de advogados diz que denúncia contra Glenn é escalada autoritária e Gilmar Mendes condena decisão


          O grupo Prerrogativas, que reúne alguns dos principais advogados criminalistas do país, reagiu com "indignação" à denúncia do Ministério Público Federal em Brasília contra o jornalista Glenn Greenwald, fundador do site The Intercept Brasil, e outras seis pessoas sob acusação de hackear telefones de autoridades ligadas às investigações da Lava Jato.

Já para o ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal), a denúncia do Ministério Público Federal contra o jornalista Glenn Greenwald desrespeita a decisão que deu em agosto do ano passado.

Na nota, o grupo de Advogados diz que "Glenn Grenwald e a equipe do The Intercept Brasil protagonizaram um dos maiores furos jornalísticos da imprensa brasileira, ao divulgarem conteúdo de mensagens ilegais trocadas entre os agentes públicos responsáveis pela condução da Operação Lava Jato, dentre os quais e destacadamente, o Ministro Sergio Moro e o procurador da República Deltan Delagnol".

Para eles, "a denúncia ataca violentamente a liberdade de imprensa, na medida em que busca a responsabilidade criminal de um jornalista em razão de sua atividade profissional". "Esta acusação é uma escalada perigosa na ascensão do autoritarismo, além de consagrar o uso político do processo penal e a fragilidade da nossa democracia."

Gilmar – Já o entendimento do ministro Gilmar Mendes é que o oferecimento da denúncia é um ato que visa à responsabilização do fundador do site The Intercept Brasil.

O despacho de Gilmar determinava justamente que as autoridades públicas e seus órgãos de apuração se abstivessem de "praticar atos que visem à responsabilização do jornalista Glenn Greenwald pela recepção, obtenção ou transmissão de informações publicadas em veículos de mídia, ante a proteção do sigilo constitucional da fonte jornalística".

Procurador – O procurador da República Wellington Divino Marques de Oliveira, que denunciou o jornalista Glenn Greenwald e outras seis pessoas sob acusação de hackear telefones de autoridades ligadas às investigações da Lava Jato, é o mesmo que denunciou o presidente da OAB, Felipe Santa Cruz, por calúnia contra o Ministro da Justiça, Sergio Moro.  Em julho, Santa Cruz disse, em entrevista à Folha de S.Paulo, que o ministro "banca o chefe da quadrilha ao dizer que sabe das conversas de autoridades que não são investigadas". A denúncia do procurador contra Marcelo Santa Cruz foi desconsiderada.

Nenhum comentário:

Postar um comentário