quarta-feira, 4 de setembro de 2019

Deltan teria considerado concorrer ao Senado e via necessidade do MPF 'lançar um candidato por Estado"


             De acordo com mensagens reveladas nesta terça-feira (3) entregues por fonte anônima ao The Intercept Brasil, o procurador Deltan Dallagnol considerou durante mais de um ano se candidatar ao Senado nas eleições de 2018. Em um chat consigo mesmo, uma espécie de espaço de reflexão do procurador, ele chegou a se considerar “provavelmente eleito”. 

Também examinou a possibilidade de proporcionar a mudança que desejava implantar no país, que dependeria de “o MPF lançar um candidato por Estado”, ou seja, uma atuação partidária do Ministério Público Federal, o que é proibido pela Constituição.

Ainda de acordo com as mensagens, a candidatura não era apenas um plano pessoal de Dallagnol, e sim, um desejo de procuradores que ia além da Lava Jato e do Paraná. Em vários momentos, Deltan diz que teria apoio da força-tarefa caso decidisse concorrer, o que indica que a possibilidade foi tema de debates internos.

Além disso, o procurador também deixa margem para o entendimento de que resolveu as candidaturas de figuras como o jurista Joaquim Falcão, professor da Fundação Getúlio Vargas no Rio de Janeiro, ex-presidente da Fundação Roberto Marinho e membro da Academia Brasileira de Letras.

Mesmo sentindo que a política era “algo que está no meu destino”, Deltan decidiu no final de 2017 permanecer como procurador da República. Entretanto, não abandonou a ideia de futuramente ver sua imagem nas urnas eletrônicas.

“Tenhoapenas 37 anos. A terceira tentação de Jesus no deserto foi um atalho para o reinado. Apesar de em 2022 ter renovação de só 1 vaga e de ser Álvaro Dias, se for para ser, será. Posso traçar plano focado em fazer mudanças e que pode acabar tendo como efeito manter essa porta aberta”, Dallagnol escreveu, em 29 de janeiro de 2018, numa longa mensagem enviada no chat consigo mesmo.

A referência ao senador Alvaro Dias (PODE-PR), aliado da Lava Jato e poupado pelas investigações da operação, conta com o término do seu mandato em 2022. Deltan havia recebido um convite para candidatura ao Senado naquele mês, pelo partido de Dias, entregue por outro procurador da Lava Jato, Diogo Castor de Mattos. Alguns dias depois, avaliou ainda estar entre os prós e contras de uma aventura política, ainda em um texto enviado para si mesmo no Telegram.



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