A
decisão do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), de manter em sigilo
as notas fiscais que justificam seus gastos com a chamada cota parlamentar
passou a ser seguida na Casa por mais parlamentares. Pelo menos 12 senadores,
incluindo Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), filho do presidente Jair Bolsonaro,
negaram pedidos feitos via Lei de Acesso à Informação com a mesma
justificativa.
A
recusa em abrir os detalhes dos gastos tem como base um parecer de 2016,
produzido na gestão de Renan Calheiros (MDB-AL) na presidência da Casa. O
documento afirma que qualquer senador pode se negar a apresentar uma nota
fiscal, quando julgar necessário, por questões que envolvem a sua própria
segurança.
A
reportagem teve acesso a uma lista com 60 pedidos negados com base neste
parecer, referentes a pelo menos 12 senadores. Além de Flávio e Alcolumbre,
aparecem Telmário Mota (Pros-RR), Omar Aziz (PSD-AM), Randolfe Rodrigues
(Rede-AP) e Eduardo Braga (MDB-AM). Os demais nomes não foram identificados na
lista que a reportagem obteve.
A
cota parlamentar é o dinheiro usado para senadores pagarem despesas com
passagens, serviços postais, manutenção de escritórios de apoio à atividade
parlamentar, hospedagem, combustível, entre outras. O valor que cada um pode
utilizar varia de acordo com o Estado de origem do senador - quanto mais longe
de Brasília, maior.
Como
revelou o jornal O Estado de S. Paulo, Alcolumbre briga na Justiça para que os
senadores mantenham em sigilo as notas fiscais usadas para justificar o uso da
cota. Uma ação popular ajuizada na Justiça Federal em Minas Gerais questiona a
falta de transparência e pede a nulidade do parecer da gestão Renan.
Uma
das justificativas dos três advogados do Senado escalados para fazer a defesa
de Alcolumbre nesta ação é que, desde julho, a Casa passou a apresentar as
cópias de notas fiscais de gastos de gabinete em seu site. A decisão, porém,
não é retroativa. Ou seja, todas as notas de gastos feitos antes de julho
permanecem em sigilo.
Procurada
para explicar a recusa em divulgar as notas fiscais, a assessoria de Flávio
Bolsonaro primeiro questionou se os documentos já não estavam no site do
Senado. Informada de que não estavam, disse "que ia ver com a área
responsável" o motivo. Desde que assumiu o mandato, Flávio gastou R$ 102,9
mil da cota parlamentar, segundo consta no site da Casa. Até a noite de ontem,
no entanto, as notas referentes aos gastos de fevereiro a maio do senador não
estavam disponíveis.
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