Em
mais um ato de abuso de autoridade sem medir conseqüências, o Ministério
Público Federal (MPF) de Santa Catarina denunciou 13 pessoas por supostos
desvios em verbas federais de cursos de ensino à distância na UFSC ,
no âmbito da Operação Ouvidos Moucos. Entre os denunciados está Mikhail Vieira
Cancellier, filho de Luiz Carlos Cancellier de Olivo, ex-reitor da
universidade que se suicidou em 2017 após ser preso pela Polícia
Federal na mesma operação.
Segundo
o MPF, as verbas para programas de ensino à distância que chegavam ao sistema
Universidade Aberta do Brasil (UAB) eram aproveitadas por outros cursos. O
órgão destaca o curso de Ciências da Administração, que concentraria o maior
volume de recursos disponíveis para o programa. Os recursos, então, teriam sido
apropriados indevidamente por professores.
O
relatório final da Polícia Federal informa que o envolvimento de Mikhail
Cancellier no esquema se deu por meio de repasses no total de R$ 7.102,00 que
ele recebeu de Gilberto Moritz, professor na UFSC, assim como Mikhail. O
documento considera que o denunciado "não apresentou justificativa para o
constatado".
—
É uma vergonha. É um assassinato moral do reitor — afirma Edward Carvalho,
advogado de Mikhail Cancellier — Disseram que ele (Mikhail) não soube explicar
(o motivo dos repasses). É uma inversão de ônus de prova. Que processo penal é
esse? Ele é acusado de, em três meses, ter recebido R$ 7 mil de uma conta de um
amigo do pai dele, não era nem da faculdade. E aí ele é denunciado por ter se
apropriado de dinheiro público?
—
Ele já tinha provado a inocência dele na investigação e agora vai ter que
provar de novo durante o processo. Em vez de pararem e refletirem na tragédia
que eles causaram, eles insistem no erro. É uma vergonha. Eu não tenho nenhuma
outra expectativa senão pela absolvição nesse caso — declara.
A
operação Ouvidos Moucos foi realizada pela PF em 14 de setembro de 2017. O
objetivo era apurar supostos desvios de verbas que agora levaram à denúncia. O
então reitor, Luiz Calor Cancellier de Olivo, pai de Mikhail, e outros seis
professores foram presos, mas libertos no dia seguinte. A repercussão do caso
se ampliou quando o reitor, acusado de obstruir a investigação, se matou ao se
jogar do sétimo andar de um shopping em Florianópolis. A PF recebeu muitas
críticas pelos excessos e pelo tratamento dado aos professores, o que teria
levado o reitor a cometer o suicídio.
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