O
site The Intercept Brasil junto com a revista Veja analisaram
mensagens inéditas do ministro Sergio Moro. Alguns trechos da conversa já foram
divulgados ao longo do mês de junho e geraram polêmica por todo o País. Na
parceria, foram analisadas 649.551 mensagens. Nas conversas publicadas
pelo The Intercept Brasil, Moro mandava acelerar ou atrasar algumas
operações e pedia a inclusão de provas em processos que não estavam, ainda, em
sua responsabilidade.
No primeiro diálogo, Dallagnol,
chefe da força-tarefa na época, informa a procuradora Laura que Moro alertou
sobre uma informação que estava faltando na denúncia do réu Zwi Skornicki
(acusado de pagar propina a ex-funcionários de um estaleiro do Estado). A
informação foi incluída no dia seguinte.
A
segunda conversa relata a cobrança de Moro, em 28 de abril de 2016, sobre a
manifestação do MPF em relação ao pedido de revogação de prisão preventiva de
José Carlos Bumlai. Dallagnol responde que irá providenciar.
Na
sequência, no dia 5 de julho de 2017, Moro questionou Deltan Dallagnol sobre
rumores de uma possível delação premiada do ex-presidente da Câmara dos
Deputados, Eduardo Cunha (MDB-RJ). Na conversa, o então juiz mostrou-se
contrário a um possível acordo. "Espero que não procedam", escreveu
Moro às 23h11. "Só rumores. Não procedem", respondeu Dallagnol três
minuto depois. "Acompanharemos tudo. Sempre que quiser, vou te colocando a
par", finalizou. "Agradeço se me mantiver informado. Sou contra, como
sabe", opinou Moro.
Cunha
teria prometido falar sobre Temer e pelo menos mais 50 deputados, senadores e
ministros, entre outros políticos. A proposta de delação do ex-presidente da
Câmara foi rejeitada pela Lava-Jato um mês depois da conversa entre Dallagnol e
Moro no Telegram.
Em
outra conversa, entre o procurador Athayde Costa e um interlocutor que não foi
identificado, que segundo a VEJA, seria a delegada da PF Erika Marena; O
procurador questiona onde está o documento apreendido com Flávio Barra, preso
pela Lava Jato, e a delegada responde que esqueceu de incluir o arquivo no
processo eletrônico, porque Moro pediu para "não ter pressa".
Em
outro diálogo entre Moro e Dallagnol, o atual ministro cobra o procurador sobre
a data de manifestação do MPF para um habeas corpus impetrado pela Odebrecht.
Deltan diz que ficará pronto em um dia, mas acaba se atrasando e sugere enviar
uma provisória para que o juiz consiga preparar a decisão.
Ainda
de acordo com a revista, em 13 de julho de 2015, Deltan deixou uma reunião com
Fachin e logo comentou o resultado da conversa com os demais procuradores da
força-tarefa, por meio do aplicativo Telegram. "Caros, conversei 45 m com
o Fachin. Aha uhu o Fachin é nosso."
Na
sexta conversa divulgada pela parceria entre The Intercpet/VEJA, o procurador
Paulo Galvão e o procurador Roberson Pozzobon discute sobre a realização de uma
operação que deveria acontecer até novembro, por um pedido de Moro, para que a
denúncia fosse apresentada até o fim do ano. A operação foi realizada e acabou
na prisão de Carlos Bumlai. Moro aceitou a denúncia apenas um dia depois do MPF
divulgar a apresentação.
O último
diálogo divulgado, ocorreu em um grupo chamado "PF-MPF LAVA JATO 2".
Os interlocutores não foram identificados, mas a VEJA disse ser o procurador
Carlos Fernando dos Santos Lima e o delegado da PF, Igor Romário. Segundo a
conversa, Moro teria sugerido a data de realização de operação do almirante
Othon Luiz Pinheiro da Silva.
As
mensagens revelam ainda que o apresentador Fausto Silva, da TV Globo, forneceu
uma espécie de assessoria de comunicação a Moro e à força-tarefa da Lava-Jato.
Faustão sugeriu que o agora ministro usasse uma "linguagem mais simples,
do povão" durante as entrevistas ou coletivas.
Segundo
a revista, no dia 7 de maio de 2016, Moro comentou a recomendação do
apresentador do Domingão do Faustão com o procurador Deltan Dallagnol pelo
Telegram. "Ele disse que vocês, nas entrevistas ou nas coletivas, precisam
usar uma linguagem mais simples. Para todo mundo entender. Para o povão. Disse
que transmitiria o recado. Conselho de quem está a (sic) 28 anos na TV. Pensem
nisso", relatou Moro ao procurador. O apresentador confirmou a conversa com
Sérgio Moro à reportagem.
Em
nota, o ministro diz não reconhecer a autenticidade de supostas mensagens
obtidas pelo portal.
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