Congresso
em Foco
Preso
há um ano e 19 dias, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva concedeu uma
entrevista pela primeira vez, nesta sexta-feira (26). Ele falou com os
jornalistas Florestan Fernandes, do El País, e Mônica Bergamo, da Folha de
S.Paulo, por duas horas e 10 minutos.
“Fico
preso mais cem anos. Mas não troco minha dignidade pela minha liberdade”,
afirmou o petista ao reafirmar sua inocência. Questionado sobre a possibilidade
de nunca mais sair da prisão, respondeu: “Não tem problema”, e completou: “Eu
tenho certeza de que durmo todo dia com a minha consciência tranquila. E tenho
certeza de que o [procurador Deltan] Dallagnol não dorme, que o [ministro da
Justiça e ex-juiz Sergio] Moro não dorme.”
Embora
atacando diretamente e várias vezes seus condenadores, não foi tão enfático ao
falar do presidente Jair Bolsonaro, embora já o tenha criticado em outras ocasiões.
“Vamos
fazer uma autocrítica geral nesse país. O que não pode é esse país estar
governado por esse bando de maluco que governa o país. O país não merece isso e
sobretudo o povo não merece isso”.
Ponderou
também sobre o tratamento da imprensa. “Imagine se os milicianos do Bolsonaro
fossem amigos da minha família?”, questionou, referindo-se ao fato de o filho
do presidente, Flávio Bolsonaro, ter empregado familiares de um miliciano
foragido da Justiça em seu gabinete quando era deputado estadual pelo Rio.
Lula
chorou quando falou da morte do neto, Arthur Araújo Lula da Silva, de 7 anos,
que morreu em março deste ano, e do irmão Vavá, dois meses antes. “Esses dois
momentos foram os mais graves. O Vavá é como se fosse um pai pra família toda.
E a morte do meu neto foi uma coisa que efetivamente não, não, não… [pausa e
chora]. Eu às vezes penso que seria tão mais fácil que eu tivesse morrido.
Porque eu já vivi 73 anos, eu poderia morrer e deixar meu neto viver.”
A
entrevista conjunta ocorreu após o presidente do Supremo Tribunal Federal
(STF), Dias Toffoli derrubar, na semana passada, liminares que haviam impedido
o ex-presidente de falar à imprensa no ano passado. Veja vídeo postado no YouTube do El País:
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