A
delegada Patrícia Domingos, titular da Delegacia de Crimes contra a
Administração e Serviços Públicos (Decasp), que teve a extinção aprovada
para a criação do Departamento de Repressão ao Crime Organizado (Draco),
recusou o convite para ser a gestora adjunta do novo órgão. A informação foi
repassada nesta quarta (7), pelo secretário executivo de Defesa Social, Humberto
Freire.
Apesar
de ter recusado o convite, Patrícia Domingos se ofereceu para trabalhar no
Draco como investigadora. Para que o departamento fosse criado, além da Decasp,
também foi extinta a Delegacia de Crimes Contra a Propriedade Imaterial
(Deprim). O governador Paulo Câmara (PSB) sancionou, nesta quarta-feira, a
lei de criação do Decasp.
Segundo
Humberto Freire, Patrícia Domingos demonstrou "desinteresse" em
assumir a direção adjunta do Draco.
A
delegada Sylvana Léllis, que ajudou a criar o Departamento de Homicídios e Proteção
à Pessoa (DHPP), e que desde 2009 era responsável pela Academia de Policiais
Civis, assume o cargo de chefe do Draco.
A
Polícia Civil anunciou que, nesta quarta-feira (7), o projeto com a estrutura
do departamento foi finalizado e seguiu para ser assinado pelo governador. Ainda
não há um prazo específico para que o departamento comece a funcionar. Ainda é
preciso realizar o inventário das delegacias extintas, para levantar
informações como os materiais apreendidos que estavam nelas e quais as
investigações que estavam em curso. De acordo com a Polícia Civil, os trabalhos
dos investigadores não serão paralisados durante a transição para o Draco.
Extinta
pelo projeto de lei, a Decasp foi responsável, nos últimos quatro anos, por 15
operações que resultaram em 49 presos, entre políticos e empresários envolvidos
em esquemas de corrupção que, juntos, superam R$ 150 milhões. Com o risco da
extinção da delegacia, o Ministério Público havia assumido uma das
investigações, que avaliava denúncias de desvio de verba para merenda escolar.
Entre
2012 e 2015, segundo informações publicadas no site da Polícia Civil de
Pernambuco, a delegacia especializada retirou 1,3 milhão de produtos
falsificados de circulação, o que gerou uma estimativa de R$ 26 milhões em
apreensões. O desempenho da delegacia gerou reconhecimento nacional e
internacional, como o recebimento de uma honraria da Embaixada Americana.
Ultimamente
a delegada Patrícia Domingos à frente da Decasp comanda três investigações que
envolvem aliados do governador Paulo Câmara (PSB) nas cidades do Recife e do Cabo
de Santo Agostinho. Em 2018 foram três operações: a Ratatouille,
em março, que investigou fraudes de R$ 113 milhões no fornecimento de
merenda escolar no Cabo de Santo Agostinho; a
Ghost, no mês passado, que desbaratou um esquema de contratação de
funcionários fantasmas na Câmara do Cabo, resultando no afastamento de cinco
vereadores; e a Castelo
de Farinha num inquérito que apurava coação a
empresas que participariam de uma licitação de R$ 22 milhões para o
fornecimento de merenda escolar em Ipojuca, vencida pela Casa de Farinha. O
empresário Romero Fittipaldi Pontual Filho, um dos donos da Casa de
Farinha, foi
preso nesta última operação.
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