quarta-feira, 7 de novembro de 2018

Delegada Patrícia Domingos recusa convite do governo Paulo Câmara


        A delegada Patrícia Domingos, titular da Delegacia de Crimes contra a Administração e Serviços Públicos (Decasp), que teve a extinção aprovada para a criação do Departamento de Repressão ao Crime Organizado (Draco), recusou o convite para ser a gestora adjunta do novo órgão. A informação foi repassada nesta quarta (7), pelo secretário executivo de Defesa Social, Humberto Freire. 
Apesar de ter recusado o convite, Patrícia Domingos se ofereceu para trabalhar no Draco como investigadora. Para que o departamento fosse criado, além da Decasp, também foi extinta a Delegacia de Crimes Contra a Propriedade Imaterial (Deprim). O governador Paulo Câmara (PSB) sancionou, nesta quarta-feira, a lei de criação do Decasp.

Segundo Humberto Freire, Patrícia Domingos demonstrou "desinteresse" em assumir a direção adjunta do Draco.

A delegada Sylvana Léllis, que ajudou a criar o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), e que desde 2009 era responsável pela Academia de Policiais Civis, assume o cargo de chefe do Draco.

A Polícia Civil anunciou que, nesta quarta-feira (7), o projeto com a estrutura do departamento foi finalizado e seguiu para ser assinado pelo governador. Ainda não há um prazo específico para que o departamento comece a funcionar. Ainda é preciso realizar o inventário das delegacias extintas, para levantar informações como os materiais apreendidos que estavam nelas e quais as investigações que estavam em curso. De acordo com a Polícia Civil, os trabalhos dos investigadores não serão paralisados durante a transição para o Draco.

Extinta pelo projeto de lei, a Decasp foi responsável, nos últimos quatro anos, por 15 operações que resultaram em 49 presos, entre políticos e empresários envolvidos em esquemas de corrupção que, juntos, superam R$ 150 milhões. Com o risco da extinção da delegacia, o Ministério Público havia assumido uma das investigações, que avaliava denúncias de desvio de verba para merenda escolar.

Entre 2012 e 2015, segundo informações publicadas no site da Polícia Civil de Pernambuco, a delegacia especializada retirou 1,3 milhão de produtos falsificados de circulação, o que gerou uma estimativa de R$ 26 milhões em apreensões. O desempenho da delegacia gerou reconhecimento nacional e internacional, como o recebimento de uma honraria da Embaixada Americana.

Ultimamente a delegada Patrícia Domingos à frente da Decasp comanda três investigações que envolvem aliados do governador Paulo Câmara (PSB) nas cidades do Recife e do Cabo de Santo Agostinho. Em 2018 foram três operações: a Ratatouille, em março, que investigou fraudes de R$ 113 milhões no fornecimento de merenda escolar no Cabo de Santo Agostinho; a Ghost, no mês passado, que desbaratou um esquema de contratação de funcionários fantasmas na Câmara do Cabo, resultando no afastamento de cinco vereadores; e a Castelo de Farinha num inquérito que apurava coação a empresas que participariam de uma licitação de R$ 22 milhões para o fornecimento de merenda escolar em Ipojuca, vencida pela Casa de Farinha. O empresário Romero Fittipaldi Pontual Filho, um dos donos da Casa de Farinha, foi preso nesta última operação.



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