quarta-feira, 31 de outubro de 2018

MPPE assume investigação de desvio de verba para merenda por causa de risco de extinção de delegacia


          As investigações de denúncias de desvio de verba para merenda escolar envolvendo a empresa Casa de Farinha passaram a ser comandadas pelo Ministério Público de Pernambuco (MPPE). A medida foi tomada por causa do risco de extinção da Delegacia de Crimes contra a Administração e Serviços Públicos (Decasp) da Polícia Civil a mando do governador Paulo Câmara (PSB).

Na noite da segunda-feira (30), documentos e computadores apreendidos na empresa investigada foram levados à sede do Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco), do MPPE.

As investigações sobre o caso estavam com a Polícia Civil. Segundo o MPPE, a transferência ocorreu por uma preocupação dos promotores de Justiça com o projeto de lei aprovado em primeira votação nesta terça-feira (30), na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), para a criação do Departamento de Repressão ao Crime Organizado (Draco) e extinção da Decasp.

O projeto de lei é assinado pelo governador Paulo Câmara (PSB) e foi remetido à Alepe em caráter de urgência, no dia 19 deste mês. Ele chegou a ser discutido no dia 23, mas teve a votação adiada para esta terça-feira. O projeto ainda precisa ser aprovado numa segunda votação, agendada para esta quarta-feira (31).

A Casa de Farinha é alvo de três investigações da Polícia Civil para apurar fraudes em licitações para o fornecimento de merenda escolar. No início de outubro, policiais da Decasp prenderam o empresário Romero Fittipaldi Pontual Filho, um dos donos da empresa.

Em julho, a Casa de Farinha venceu uma licitação de R$ 22 milhões na Prefeitura de Ipojuca, no Grande Recife, mas, segundo a polícia, a empresa teria coagido as concorrentes para que não disputassem a licitação.

Desde então, computadores, pen drives, HDs, celulares e centenas de documentos apreendidos durante a Operação Castelo de Farinha estavam na sede da Decasp, no Centro do Recife. O material foi retirado na noite da segunda-feira (29) por uma equipe do Gaeco.

De acordo com o promotor George Pessoa, foram transferidos para a sede do Gaeco 10 notebooks, três pendrives, dois celulares, 35 computadores e um HD portátil.

"Hoje, o Gaeco conta com a segurança necessária para a custódia desses equipamentos. Será feita a extração de dados e a análise desse material para a verificação da existência de alguma informação relevante para a elucidação dos fatos apurados na operação", disse o promotor.

Decasp
A Decasp foi responsável, nos últimos quatro anos, por 15 operações que resultaram em 49 presos, entre políticos e empresários envolvidos em esquemas de corrupção que, juntos, superam R$ 150 milhões. Hoje, a delegacia tem em andamento três investigações em prefeituras aliadas do governador Paulo Câmara (PSB): Recife, Cabo de Santo Agostinho e Ipojuca.

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