Um
dia após ter aberto uma página de financiamento coletivo, o grupo que está
organizando por conta própria a vinda da peça "O Evangelho segundo Jesus,
a Rainha do Céu" para Garanhuns canta vitória: já conseguiram
arrecadar mais do que os R$ 6 mil inicialmente pretendidos.
"É
a resposta do povo a essa decisão arbitrária do prefeito e do governo de
Pernambuco", comemora o ator Joesile Cordeiro, um dos 50 membros do grupo
responsável pela ação. No Facebook, o evento que divulga o movimento
já congrega cerca de dois mil integrantes. "Queremos desconstruir a versão
da mídia de Garanhuns de que a população não quer que a peça aconteça. Esse
recorte que eles apontam não representa o que está realmente acontecendo
aqui", denuncia.
As contribuições vieram
de 112 pessoas oriundas de onze estados brasileiros diferentes
(inclusive de lugares geograficamente distantes do Agreste pernambucano, como
Amazonas, Tocantins e Rio Grande do Sul). Agora que a meta inicial foi
batida e já está garantido um valor para translado, hospedagem e alimentação da
equipe cênica, a página vai continuar aberta durante os oito dias
previstos.
"A
atriz e sua equipe tinham se oferecido para vir de graça, por entender que esta
era uma questão política essencial. Mas é mais que merecido que
recebam um cachê. Além disso, há custos extras em relação à apresentação",
adianta Joesile.
Segundo
ele, o espetáculo não precisa de muitos recursos cenográficos, mas será
necessário contratar serviços de logística e de segurança, já
que a peça tem sido alvo de inúmeras expressões de intolerância.
"Estamos printando e guardando ameaças que vêm sendo proferidas
nas redes sociais, para tomar providências legais se for necessário",
destaca.
O
grupo vem realizando visitas técnicas a vários espaços em Garanhuns,
mas por enquanto prefere não divulgar onde o evento vai acontecer por
temer retaliações. "O movimento tem sido muito bonito. Algumas
pessoas chegaram a oferecer suas próprias casas para sediar o evento, mas a
ideia é encontrar um local mais amplo, até porque a demanda será grande",
adianta.
Segundo
Joesile o clima na cidade está delicado. "Quando o prefeito Izaías Régis
se posicionou de forma tão veemente contra o espetáculo, terminou direcionando
por tabela as pessoas a aderirem a um discurso de ódio que distorce
tudo aquilo a que a peça se propõe", afirma.
"Estamos
lutando para sermos consideradas seres humanos, e vejo com muita felicidade essa
movimentação dos artistas. Queria que esse movimento tivesse um grande alcance nacional,
porque a gente não pode deixar que esse tipo de censura volte ao Brasil",
disse a estrela da peça, a atriz transexual Renata Carvalho. Da
Folhape.
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