Em
meio às negociações do PT com o PSB em troca de um apoio
dos socialistas à tentativa de candidatura do ex-presidente Luiz Inácio
Lula da Silva à Presidência, o petista enviou, da carceragem da Superintendência
da Polícia Federal, um recado que deve desagradar os possíveis aliados. Lula
afirmou ao líder do Movimento dos Sem Terra, João Pedro Stédile, e ao
ex-presidente do PT, Rui Falcão, que, se fosse militante do PT de
Pernambuco, já estaria em campanha pela pré-candidata do partido, Marília
Arraes, rival do PSB no estado.
A
retirada da candidatura de Marília Arraes é vista como essencial para que um
acordo entre os dois partidos saia do papel: o PSB tem o governador do estado,
Paulo Câmara, que irá disputar a reeleição. A vereadora Marília Arraes, do PT e
neta do ex-governador Miguel Arraes, é vista como sua principal adversária,
sobretudo se tiver o apoio do ex-presidente Lula, principal cabo eleitoral
dentro do estado.
O
posicionamento de Lula vai de encontro com uma nota oficial divulgada pelo PSB
de Pernambuco no último dia 29, defendendo que o partido feche aliança com o
petista para a disputa pelo Palácio do Planalto.
A
posição pró-Lula do diretório pernambucano é vista como o principal entrave
para um acordo entre o PSB e Ciro Gomes, do PDT. Outras resistências, como a de
Márcio França, em São Paulo, que preferia Alckmin, devem ser superadas.
Nesta
quinta-feira, após uma visita ao petista, João Pedro Stédile e Rui Falcão
transmitiram o sinal de Lula para que o PT inicie a campanha por Marília
Arraes.
—
Se eu estivesse em Pernambuco como militante, minha candidata já estaria em
campanha, que é a Marília Arraes — disse Lula aos dois, afirmou Stédile.
Segundo
o líder dos sem-terra, a frase não foi dita no sentido de iniciar uma luta
interna para fazer valer a candidatura do partido ao invés de um acordo com o
PSB, mas "no sentido de que o PT tem que criar vergonha e disputar com as
suas ideias", disse.
O
ex-presidente Lula está preso na Superintendência da Polícia Federal desde o
dia 6 de abril, cumprindo sua pena de 12 anos e um mês de prisão por corrupção
passiva e lavagem de dinheiro referentes ao processo que atribuiu a propriedade
de um tríplex no Guarujá a ele.
Além
do apoio à candidatura de Marília Arraes, o ex-presidente afirmou a Stédile e
Falcão que levará sua candidatura até as últimas consequências. Com a
condenação, no entanto, o ex-presidente é considerado um ficha-suja pela Justiça
e precisará que a Justiça aprove sua candidatura.
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