O
ex-presidente Lula criticou a "farsa judiciária", da qual se diz
vítima após ser preso por "corrupção", e exigiu uma eleição
presidencial "democrática", com "todas as forças políticas"
- incluindo a sua - em um artigo de opinião publicado nesta quinta-feira (17)
pelo jornal francês "Le Monde".
"Enquanto
presidente, eu defendi, por todos os meios, a luta contra a corrupção e não
aceito que me atribuam esse tipo de crime pelo viés de uma farsa
judiciária", escreveu Luiz Inácio Lula da Silva, condenado a 12 anos e um
mês de prisão por corrupção e detido desde o início de abril, o que o impede de
se candidatar à presidência nas eleições de outubro.
Estas
eleições "serão democráticas apenas se todas as forças políticas puderem
participar delas de forma livre e justa", defende Lula, apresentando sua
candidatura como "uma proposta para que o Brasil encontre o caminho da
inclusão social, do diálogo democrático, da soberania nacional e do crescimento
econômico para a construção de um país mais justo e solidário".
"Eu
sou candidato (...) porque sei que eu posso fazer de modo que o país retome o
caminho da democracia e do desenvolvimento para nosso povo", garante ele
em um longo artigo de opinião, que soa como um discurso de campanha.
"Eu
sou candidato para devolver aos pobres e aos excluídos sua dignidade, para
garantir seus direitos e lhes dar esperança de uma vida melhor",
acrescenta Lula, que destaca o fato de "dominar, com uma forte margem, as
pesquisas de intenções de voto no Brasil".
"Ao
curso dos oito anos, durante os quais eu governei este país, nós tiramos 36
milhões de pessoas da extrema miséria. Nosso país conheceu um prestígio
internacional excepcional", insistiu.
Hoje,
"depois do golpe de Estado parlamentar, que abriu caminho para um programa
neoliberal", a taxa de desemprego atinge 13,1 %, contra 4,7 % em dezembro
de 2014.
"A
pobreza aumentou, a fome voltou a cercar, e as portas das universidades voltam
a se fechar para os filhos da classe trabalhadora. Os investimentos para
pesquisa despencam", e o Brasil "se tornou um pária da política
externa".
"Candidato
à presidência, eu prometi, eu lutei e eu mantive minha promessa para que todos
os brasileiros tivessem o direito a três refeições por dia e não conhecessem a
fome que eu conheci quando criança. Não submeti meu país e suas riquezas
naturais aos interesses estrangeiros", frisou Lula.
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